FIIs superam o CDI em 2025 e voltam ao radar: como montar carteira de fundos imobiliários para renda e valorização
Depois de três anos ficando atrás dos produtos atrelados ao CDI, os fundos imobiliários (FIIs) inverteram a curva em 2025. No acumulado do ano até novembro, a classe avança, em média, 14,73%, contra 11,46% dos fundos DI. Há casos de fundos imobiliários com retornos superiores a 40% no período — desempenho turbinado por descontos que se acumulavam desde 2023/2024, pela queda das curvas de juros futuros e pela reprecificação de carteiras de crédito com boas garantias. O movimento recoloca os fundos imobiliários no centro das conversas de quem busca renda mensal isenta de IR e potencial de ganho de capital.
Este guia analítico, em tom de serviço, explica por que os fundos imobiliários voltaram a liderar, como eles se comparam ao “porto seguro” dos fundos DI e quais são as estratégias práticas para selecionar, alocar e acompanhar uma carteira vencedora de fundos imobiliários entre 2025 e 2026.
O que explica a virada dos fundos imobiliários sobre os fundos DI
Entre 2021 e 2024, os produtos fortemente correlacionados ao CDI entregaram mais do que os FIIs, numa janela de juros altos e volatilidade em Bolsa. Em 2025, a fotografia mudou por três vetores principais:
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Assimetria de preço
Muitos fundos imobiliários negociavam com grande desconto sobre valor patrimonial, após um ciclo de juros elevados e revisões de risco. Entrar barato aumentou o “carrego” do investidor — a renda mensal dos fundos imobiliários (dividendos) ficou, em vários casos, acima de 15% ao ano, isenta de IR para pessoas físicas, e a base de comparação para valorização ficou favorável. -
Fechamento das curvas de juros
Em um ambiente em que o mercado passa a precificar juros menores mais à frente, títulos atrelados a índices de inflação e/ou CDI dentro dos fundos imobiliários de papel (que carregam CRIs) tendem a se valorizar. Isso elevou o retorno total (dividendos + marcação a mercado) de muitos fundos imobiliários. -
Qualidade de crédito e gestão
Em carteiras de CRIs com garantias sólidas, subordinação adequada e seleção criteriosa de emissores, os fundos imobiliários se beneficiaram da queda do “prêmio de risco” percebido. A leitura é direta: CRI de qualidade dentro dos fundos imobiliários entrega renda recorrente e previsível, reduzindo surpresas negativas.
Resultado: o investidor foi remunerado duas vezes — primeiro pelos dividendos mensais típicos dos fundos imobiliários; depois pela reprecificação das cotas na B3. E, mesmo entre altos e baixos, a fotografia do ano mostra os fundos imobiliários na frente dos fundos DI.
Fundos DI x fundos imobiliários: qual atende seu objetivo
Liquidez e previsibilidade
Fundos DI são aplicações de liquidez diária que buscam capturar o CDI com volatilidade muito baixa. São úteis como caixa, reserva de oportunidade ou “estacionamento” temporário. Já os fundos imobiliários têm liquidez de Bolsa (D+2/D+3 para venda), com oscilação diária de preço. Se o objetivo é renda mensal e potencial de valorização, os fundos imobiliários ganham espaço.
Tributação
Nos fundos imobiliários, os rendimentos distribuídos mensalmente são isentos de IR para pessoa física, desde que o FII cumpra requisitos legais (mínimo de cotistas, negociação em bolsa, entre outros). Ganhos na venda de cotas são tributados a 15%. Nos fundos DI, a tributação segue a tabela regressiva de renda fixa, com come-cotas nos fundos tradicionais. A vantagem fiscal recorrente pesa a favor dos fundos imobiliários para quem mira renda.
Risco
Fundos DI têm risco muito baixo, atrelado aos títulos do Tesouro e/ou de grandes emissores, mas não são imunes a eventos extremos. Fundos imobiliários carregam riscos de mercado (oscilação da cota), de crédito (inadimplência nos CRIs), de vacância (em lajes, logística, shoppings), de gestão e de liquidez. Entender o que há dentro do portfólio é obrigatório antes de investir em fundos imobiliários.
Tipos de fundos imobiliários e onde cada um brilhou
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FIIs de papel (CRIs)
Compram crédito imobiliário indexado a IPCA, CDI ou IGP-M. Em 2025, foram os destaques entre os fundos imobiliários, graças a yields robustos e à valorização dos títulos com o fechamento das curvas. São os fundos imobiliários preferidos por quem busca renda isenta com indexação. -
FIIs de tijolo
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Logística: contratos típicos com grandes operadores, aluguel reajustado por IPCA, resiliência em ciclos prolongados.
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Shoppings: recuperação de vendas e receitas de estacionamento/merchandising; renda cresce com consumo.
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Lajes corporativas: ciclo mais longo, sensível à vacância e preço por m², mas com prêmios em localizações prime.
Esses fundos imobiliários oferecem diversificação setorial e repasses inflacionários.
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FIIs híbridos e fundos de fundos (FoFs)
Misturam tijolo e papel, ou alocam em outros fundos imobiliários, oferecendo gestão ativa, rotação tática e diversificação imediata.
Como ler um fundo imobiliário de papel (checklist prático)
Para separar os melhores fundos imobiliários de crédito dos medianos, use este roteiro:
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Garantias reais: imóvel em alienação fiduciária? Fiança? Caução de recebíveis? Fundos imobiliários com CRIs sólidos detalham a hierarquia de garantias.
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Subordinação: há cotas subordinadas protegendo as sêniores que o FII compra? Quanto maior o “colchão”, melhor.
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LTV (Loan-to-Value): relação dívida/valor do lastro. Quanto menor, mais folga. Fundos imobiliários de qualidade perseguem LTV conservador.
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Indexador e cupom: IPCA + spread? CDI + spread? Mistos? O mix define sensibilidade a juros e inflação.
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Prazo e amortização: duration longa exige atenção ao ciclo de juros; amortização mensal reduz risco.
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Diversificação: concentração alta em um emissor ou setor aumenta volatilidade; fundos imobiliários robustos pulverizam riscos.
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Covenants: gatilhos de proteção que antecipam medidas caso indicadores se deteriorem.
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Histórico da gestora: governança, transparência, política de risco e marca no universo de fundos imobiliários contam muito.
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Relatórios gerenciais: consistência e clareza indicam seriedade.
Como montar sua carteira de fundos imobiliários em 2025/2026
Perfil conservador
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60% a 70% em fundos imobiliários de papel com CRIs sêniores, indexados a IPCA e CDI, garantias fortes, duration equilibrada.
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20% a 30% em fundos imobiliários de logística e lajes grade A com contratos longos.
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10% em FoFs para diversificação adicional.
Objetivo: renda estável, exposição moderada à marcação a mercado.
Perfil moderado
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40% a 50% em fundos imobiliários de papel com mix IPCA/CDI.
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30% a 40% em tijolo (logística e shoppings).
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10% a 20% em híbridos e FoFs.
Objetivo: renda + valorização, suavizando ciclos.
Perfil arrojado
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30% a 40% em fundos imobiliários de papel high yield (com limites de risco e leitura fina do crédito).
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40% em tijolo com tese de recuperação de preço/vacância.
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20% em fundos de desenvolvimento/gestão ativa (cientes do risco).
Objetivo: maximizar retorno total, tolerando maior volatilidade.
Dica tática: combine fundos imobiliários atrelados ao IPCA com parte em CDI. Num cenário de Selic em queda e inflação moderada, o mix tende a estabilizar a renda e a proteção real.
Três passos para começar com fundos imobiliários
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Defina objetivos: renda mensal, reserva previdenciária complementar ou ganho de capital. O horizonte precisa ser de médio a longo prazo com fundos imobiliários.
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Escolha a corretora e custos: hoje, a maioria não cobra corretagem ou custódia para fundos imobiliários. Verifique taxas do home broker.
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Acompanhe o calendário: rendimentos de fundos imobiliários caem usualmente no fim do mês; liquidação de compras e vendas ocorre em D+2/D+3. Relatórios mensais são leitura obrigatória.
Riscos e como mitigá-los nos fundos imobiliários
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Crédito: diversifique emissores, indexadores e setores; priorize fundos imobiliários com governança testada.
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Mercado: oscilações de cota são naturais; evite vender fundos imobiliários por pânico. Tenha caixa em DI para emergências.
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Vacância e aluguel (tijolo): foque em ativos prime, regiões líquidas, contratos com prazos e garantias.
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Juros: balanceie fundos imobiliários IPCA/CDI; duration mais curta protege em choques.
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Liquidez: prefira fundos imobiliários com bom volume diário para entradas e saídas eficientes.
Onde os fundos imobiliários já entregaram mais em 2025
Entre os destaques do ano, figuram fundos imobiliários de crédito com perfil high yield que vinham de fortes desvalorizações e reprecificaram com a melhora do sentimento e do cenário de juros. Outros fundos imobiliários de papel, com carteiras diversificadas e gestão criteriosa, também compõem o pelotão da frente, com retornos de dois dígitos. A mensagem central: seleção e disciplina fizeram diferença — e seguem fazendo.
Fundos DI ainda têm espaço? Sim — mas como ferramenta tática
Mesmo com o brilho dos fundos imobiliários em 2025, os fundos DI continuam essenciais como reserva de oportunidade e colchão de liquidez. Em uma carteira bem construída, parte do patrimônio fica em DI para aproveitar janelas de entrada em fundos imobiliários quando a volatilidade abre descontos. A combinação de caixa em DI e renda isenta dos fundos imobiliários tem mostrado bom equilíbrio entre segurança e retorno.
Projeções: 2026 e o papel dos fundos imobiliários com inflação
Se o cenário base de juros menores se consolidar, fundos imobiliários com indexação ao IPCA tendem a preservar poder de compra da renda e ainda capturar valorização adicional dos ativos. Ao mesmo tempo, fundos imobiliários com parte do portfólio atrelada ao CDI suavizam a transição entre ciclos, evitando queda abrupta de proventos. Em todos os cenários, a curadoria de crédito e a leitura setorial seguirão como bússolas.
Disciplina, diversificação e foco no fluxo
A fotografia de 2025 mostra fundos imobiliários na dianteira do retorno total em relação aos fundos DI, graças a preços descontados, fechamento das curvas e gestão diligente. Para transformar esse momento em estratégia perene, a regra de ouro é simples: diversifique entre tipos de fundos imobiliários, balanceie indexadores, priorize governança e mantenha disciplina de aporte. Com renda isenta recorrente e potencial de valorização, os fundos imobiliários voltam a ser peça-chave das carteiras que buscam viver de proventos — sem abrir mão de ganhos de capital no longo prazo.






