Dólar Chega a 6 Reais Após Vitória de Donald Trump nas Eleições dos EUA, Mas Corrige Alta Durante o Dia
A vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos, anunciada na madrugada desta quarta-feira, 6 de novembro, gerou um forte impacto no mercado financeiro global e, especialmente, no Brasil. Em resposta ao resultado, o dólar começou o dia em alta, atingindo momentaneamente o valor de R$ 5,86. Esse movimento provocou uma onda de incertezas e informações desencontradas nas redes sociais, sobretudo após plataformas de cotação exibirem um valor superior a R$ 6 para a moeda americana.
Abertura do Mercado e a Alta do Dólar
No início das negociações desta manhã, o dólar foi cotado a R$ 5,86, próximo do valor máximo histórico registrado em 2020, de R$ 5,90. A alta de cerca de 2% no intradia refletiu a apreensão dos investidores com as possíveis implicações econômicas do retorno de Trump à presidência dos EUA. Em pouco tempo, as plataformas de cotação passaram a indicar valores acima de R$ 6, aumentando a confusão entre os investidores e causando grande alarde nas redes sociais.
Esse cenário levou muitos a crer que o dólar realmente havia ultrapassado a barreira dos R$ 6, mas foi posteriormente esclarecido que a plataforma Morningstar, responsável por fornecer dados de cotação ao Google, exibia informações imprecisas. A moeda americana, no entanto, seguiu negociada acima dos R$ 6 no câmbio turismo, cotação aplicada diretamente para viajantes e consumidores finais.
Correção no Valor do Dólar ao Longo do Dia
Apesar do impacto inicial, a alta do dólar arrefeceu ao longo da tarde. Por volta das 13h20, a moeda americana já apresentava uma queda de 0,37%, sendo negociada a R$ 5,73. Segundo economistas, essa correção foi esperada, uma vez que o mercado financeiro já vinha precificando uma possível vitória de Trump nas últimas semanas, com o dólar oscilando próximo dos R$ 5,87.
A Morningstar e o Google foram contatados pela imprensa para explicar as informações incorretas divulgadas. Segundo o Google, a empresa está verificando o caso e prometeu se pronunciar em breve.
Impactos da Política Econômica de Trump no Dólar
A expectativa de um dólar mais valorizado com Trump na presidência dos EUA está ligada às diretrizes econômicas já anunciadas pelo republicano. José Alfaix, economista da Rio Bravo, acredita que as políticas de Trump tendem a impulsionar uma valorização da moeda americana, especialmente por conta de um cenário fiscal expansionista, com cortes de impostos e possível elevação dos juros nos Estados Unidos.
“A valorização do dólar se deve às expectativas de juros mais altos na gestão Trump, além de um plano de governo que visa cortes de impostos e políticas de viés inflacionário. Com isso, o dólar torna-se mais atraente em comparação com as moedas de países emergentes, como o real”, analisa Alfaix.
Além disso, as propostas de Trump envolvem medidas protecionistas, como a imposição de tarifas a produtos importados e a redução de permissões para imigrantes ilegais. Essas ações, segundo Alfaix, podem criar pressões inflacionárias que também contribuem para uma possível elevação das taxas de juros nos EUA. O Congresso e o Senado, ambos com maioria republicana, facilitam a implementação dessas políticas.
Dólar a R$ 6: Uma Realidade Possível?
Para alguns especialistas, a cotação do dólar a R$ 6 é uma possibilidade real para o final de 2024. Jefferson Laatus, chefe-estrategista da Laatus, pontua que fatores internos do Brasil também influenciam a trajetória do câmbio. Segundo ele, caso o governo brasileiro não avance em um ajuste fiscal eficaz, com medidas que controlem o crescimento das despesas obrigatórias, a moeda americana pode chegar a R$ 6.
“A situação fiscal no Brasil tem um peso significativo no valor do câmbio. Se não houver um controle efetivo sobre o aumento das despesas e os riscos fiscais permanecerem elevados, o real pode desvalorizar ainda mais, levando o dólar a patamares mais altos”, explica Laatus.
Esse cenário combina variáveis externas — como as políticas de Trump e o aumento dos juros nos EUA — com desafios domésticos, o que torna o dólar a R$ 6 uma possibilidade. Contudo, especialistas ressaltam que o avanço dependerá do conjunto de ações econômicas tomadas por ambas as administrações, no Brasil e nos EUA, nos próximos meses.
Confusão e a Realidade do Dólar Turismo
Outro fator que causou confusão foi o valor do dólar turismo, que realmente ultrapassou a marca de R$ 6 nesta quarta-feira. A cotação turismo, voltada para o consumidor final em situações como viagens internacionais, tende a ser mais elevada devido aos custos adicionais de transação e à volatilidade do mercado cambial.
Esse diferencial entre o dólar comercial e o dólar turismo é uma prática comum e geralmente reflete o custo direto para turistas e consumidores. No entanto, a discrepância contribuiu para a percepção de que o dólar comercial também estaria sendo negociado acima de R$ 6.
Perspectivas para o Mercado Cambial e Expectativas de 2024
Especialistas ainda aguardam os primeiros sinais das políticas de Trump para formular uma análise mais precisa das perspectivas de câmbio em 2024. A maioria das previsões aponta que o dólar deve continuar valorizado, sobretudo em comparação com moedas emergentes, como o real.
Enquanto o cenário de curto prazo indica oscilações moderadas, com o dólar se estabilizando abaixo de R$ 6, a perspectiva de um câmbio mais elevado permanece no radar dos investidores, especialmente diante de riscos fiscais no Brasil e um cenário político global incerto. Assim, tanto investidores quanto consumidores devem se preparar para uma possível elevação gradual da moeda americana ao longo dos próximos meses.
A vitória de Trump gerou uma imediata reação no mercado, com o dólar saltando no início do dia, mas recuando ao longo das negociações. Fatores como a política expansionista do republicano e os desafios fiscais no Brasil devem continuar a influenciar o câmbio, tornando o dólar a R$ 6 uma possibilidade real até o final do ano. Para brasileiros e investidores, acompanhar as decisões de ambas as administrações será crucial para entender o rumo do câmbio e suas consequências na economia.