Derrite recua em mudanças na Lei Antiterrorismo e preserva competência da Polícia Federal
O deputado Guilherme Derrite (PP-SP), relator do Projeto de Lei Antifacção, decidiu recuar das propostas que alteravam a Lei Antiterrorismo e garantiu que a competência da Polícia Federal (PF) será mantida. A decisão ocorreu após críticas de parlamentares e técnicos da área de segurança pública, que viam no texto original um risco de sobreposição entre as forças federais e estaduais.
A mudança reduz tensões com o governo e reorienta a tramitação do projeto, que tem como objetivo principal o combate ao crime organizado e às facções criminosas. O recuo é interpretado como um gesto político de conciliação, num momento em que a pauta de segurança ganha força no Congresso.
Derrite ajusta proposta e prioriza consenso político
Derrite destacou que não se trata de uma retirada de propostas, mas de uma estratégia de aprimoramento legislativo. Segundo o parlamentar, a intenção é garantir que o texto avance com base em um acordo mais amplo entre Câmara, governo federal e corporações envolvidas.
O deputado afirmou ainda que as modificações buscam atender ao interesse da sociedade, preservando o papel da Polícia Federal no enfrentamento de crimes de maior complexidade e das polícias estaduais na repressão direta às organizações locais.
Com as novas alterações, o PL Antifacção deve criar uma legislação própria para endurecer penas e ampliar instrumentos de investigação voltados ao combate às facções, sem alterar o núcleo da Lei Antiterrorismo vigente.
Governo e Congresso buscam sintonia
A decisão foi tomada após uma série de reuniões entre Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados, e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. O encontro resultou em um entendimento político sobre a necessidade de preservar as competências já estabelecidas entre as forças policiais.
O governo vinha demonstrando preocupação com a possibilidade de sobreposição de atribuições, especialmente em casos de crimes de terrorismo, narcotráfico e financiamento ilícito. A manutenção da Lei Antiterrorismo como está foi vista como um gesto de equilíbrio institucional.
Lei Antiterrorismo e o papel da Polícia Federal
A Lei nº 13.260, sancionada em 2016, define o terrorismo e estabelece mecanismos para sua prevenção e punição. A Polícia Federal atua como órgão central na apuração desses crimes, com competência para conduzir investigações de caráter nacional e internacional.
O texto de Derrite, em sua versão inicial, previa ajustes que poderiam limitar o escopo da PF em casos envolvendo organizações criminosas. O novo formato, porém, mantém a estrutura atual e reforça o papel de coordenação da polícia federal em articulação com as forças estaduais.
Reação política e institucional
O recuo foi bem recebido por lideranças partidárias e técnicos da área de segurança. Deputados de diferentes bancadas ressaltaram a importância de se evitar conflitos de competência entre órgãos federais e estaduais, sobretudo em um tema tão sensível como o combate ao crime organizado.
Ao mesmo tempo, a decisão diminui as resistências do Palácio do Planalto, que havia sinalizado preocupação com eventuais interferências nas atribuições da Polícia Federal. O diálogo entre Derrite e o Ministério da Justiça foi considerado essencial para destravar a tramitação da proposta.
Próximos passos na tramitação
A previsão é de que o PL Antifacção seja votado ainda nesta semana, caso se confirme o acordo entre os líderes partidários. O texto final deverá ser submetido ao plenário da Câmara dos Deputados, com encaminhamento posterior ao Senado Federal.
Entre as principais mudanças que devem constar da versão final estão o aumento das penas para crimes cometidos por integrantes de facções, a ampliação das ferramentas de investigação financeira e o fortalecimento da cooperação entre as polícias.
Impacto no combate às facções
A proposta de Derrite mantém como foco o endurecimento penal contra crimes associados a facções organizadas, incluindo tráfico de drogas, armas e lavagem de dinheiro. A ideia central é dar maior eficiência às operações e garantir proteção a agentes públicos envolvidos nas ações de repressão.
Especialistas avaliam que a preservação da Lei Antiterrorismo e o reforço da cooperação institucional entre as polícias podem contribuir para maior coordenação nacional no enfrentamento da criminalidade organizada.
Relação com o governo Lula
O recuo de Derrite também tem leitura política. Ao evitar o embate direto com o governo Lula, o relator sinaliza disposição para o diálogo e ajuda a reduzir tensões entre o Executivo e a Câmara. O gesto ocorre em um momento em que o governo busca consolidar sua base parlamentar e avançar em pautas consideradas prioritárias.
O tema da segurança pública, por sua relevância eleitoral e simbólica, tem sido tratado com cautela por todos os atores políticos. A construção de consenso em torno do PL Antifacção é vista como uma oportunidade de alinhar discurso e ação entre os poderes.
Um projeto de alcance nacional
Com a nova redação, o projeto mantém o objetivo de coibir o avanço das facções criminosas em todo o território nacional, mas sem alterar o marco legal que regula o combate ao terrorismo. O texto também deve prever mecanismos de integração entre União, estados e municípios para o compartilhamento de informações e recursos.
Entre as medidas em discussão estão o aprimoramento das bases de dados criminais, a criação de um fundo específico para financiar operações de inteligência e a ampliação de parcerias internacionais em segurança.
Preservação da autonomia policial
Um dos pontos centrais das negociações foi a garantia de que as competências da Polícia Federal e das polícias estaduais permanecessem inalteradas. A definição de atribuições claras é considerada essencial para evitar sobreposições e garantir eficiência na aplicação das leis.
A PF continuará responsável pela apuração de crimes de terrorismo, tráfico internacional e lavagem de dinheiro, enquanto as polícias civis e militares seguirão atuando nas investigações locais e regionais.
Expectativa para votação
Com o recuo de Derrite e a concordância das principais lideranças, o ambiente político na Câmara tornou-se mais favorável à aprovação do texto. Parlamentares avaliam que a nova versão equilibra os interesses das instituições envolvidas e mantém o foco no combate efetivo às organizações criminosas.
A expectativa é de que a votação ocorra ainda nesta quarta-feira, após a consolidação de um relatório de consenso. Se aprovado, o PL Antifacção poderá ser um marco no reforço da segurança pública e da integração entre os entes federativos.
A decisão de Guilherme Derrite de recuar nas mudanças da Lei Antiterrorismo preserva o equilíbrio institucional entre governo e Congresso e garante a manutenção das competências da Polícia Federal. A alteração da estratégia do relator reflete uma busca por consenso e eficácia legislativa no enfrentamento do crime organizado.
O novo texto do PL Antifacção deverá fortalecer o aparato legal contra as facções, sem interferir na legislação antiterrorismo em vigor. O movimento simboliza a importância de construir soluções compartilhadas para desafios complexos da segurança pública nacional.






