Eletrobras (ELET3) conclui deslistagem do Latibex e firma acordo com governo
A Eletrobras (ELET3) finalizou sua saída do Mercado de Valores Latino-Americanos (Latibex), consolidando mudanças estratégicas em sua governança. Além disso, um novo acordo com o governo federal redefine sua estrutura administrativa e o futuro da usina nuclear de Angra 3.
Deslistagem da Eletrobras do Latibex
O Conselho de Administração da BME – Bolsa y Mercados Españoles Sistemas de Negociación S.A. aprovou, na última terça-feira (4), o pedido de deslistagem das ações da Eletrobras (ELET3) do Latibex. As ações da empresa brasileira deixaram de ser negociadas nesse mercado na quinta-feira (6), encerrando um processo iniciado em janeiro.
Apesar da deslistagem no Latibex, a Eletrobras continua sendo negociada na B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) e na NYSE (Bolsa de Nova York), garantindo a manutenção de sua presença nos principais mercados financeiros globais.
Acordo entre Eletrobras e governo federal
Após intensas negociações de mais de um ano, a Eletrobras e o governo federal chegaram a um acordo para encerrar a disputa judicial no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a limitação do poder de voto da União na empresa.
Com a privatização da Eletrobras em 2022, a União manteve uma participação de 43% no capital da empresa, mas teve seu poder de voto limitado a 10%, o que gerou questionamentos. O novo entendimento permite ao governo recuperar parte de sua influência na administração da companhia, sem alterar as diretrizes da privatização.
Entre os principais pontos do acordo, a União poderá indicar três dos dez membros do conselho de administração e um dos cinco integrantes do conselho fiscal da Eletrobras. Em contrapartida, o governo concordou em não contestar a cláusula estatutária que limita a qualquer acionista ou grupo de acionistas o direito de exercer votos superiores a 10% do capital votante.
Futuro da usina nuclear de Angra 3
O acordo também trouxe definições importantes sobre o projeto da usina nuclear de Angra 3. A Eletrobras não será mais obrigada a destinar investimentos bilionários à sua construção, reduzindo significativamente seus compromissos financeiros.
No entanto, a empresa manterá garantias financeiras de R$ 6,1 bilhões relacionadas a financiamentos do BNDES e da Caixa Econômica Federal para o projeto. O BNDES assumirá a responsabilidade por desenvolver um novo modelo de viabilidade para Angra 3, considerando equilíbrio econômico-financeiro, condições de financiamento e tarifas acessíveis ao consumidor.
O estudo elaborado pelo BNDES será submetido a um novo processo de conciliação no STF, buscando definir os próximos passos para a conclusão da usina nuclear.
Impacto no mercado e perspectivas futuras
A saída da Eletrobras do Latibex não impacta suas operações globais, pois a empresa segue listada em mercados estratégicos. Além disso, o acordo com o governo federal proporciona maior previsibilidade para investidores e acionistas.
Com um modelo de governança mais estável e a resolução de impasses jurídicos, a expectativa é que a empresa foque em sua expansão e investimentos em energias renováveis, consolidando-se como um dos maiores players do setor elétrico.