ENEM 2025: MEC anula questões após live antecipar itens semelhantes e acende alerta sobre segurança do exame
O Ministério da Educação decidiu anular três questões do ENEM 2025 depois que uma transmissão ao vivo exibiu perguntas extremamente semelhantes às aplicadas no segundo dia de prova. O episódio gerou desconfiança entre milhões de candidatos e abriu uma discussão intensa sobre a segurança do processo de elaboração da avaliação. O caso se tornou o ponto de maior tensão desde a adoção do formato atual do exame, revelando falhas no sistema de pré-testagem e expondo o risco de memorização e reprodução de itens antes de sua aplicação oficial.
O influenciador Edcley Teixeira, que se apresenta como estudante de medicina e consultor educacional, publicou em uma live realizada cinco dias antes da prova várias questões quase idênticas às que apareceram no ENEM 2025. Após o término do exame, estudantes identificaram coincidências marcantes entre o conteúdo exibido online e o material oficial, provocando uma onda de questionamentos sobre possível vazamento. A discussão tomou conta das redes sociais e mobilizou professores, cursinhos, especialistas e até parlamentares.
Diante da repercussão, o MEC e o Inep formaram um grupo técnico emergencial para analisar a suposta antecipação de conteúdo. Após a revisão das informações e dos procedimentos de montagem da prova, a conclusão foi pela anulação de três itens, garantindo que nenhum candidato fosse prejudicado ou beneficiado indevidamente. A decisão, embora tomada para preservar a isonomia, aprofundou o debate sobre a segurança do ENEM 2025 e levantou questionamentos sobre a gestão do Banco Nacional de Itens.
A origem da polêmica e a live que surpreendeu candidatos
A polêmica começou quando a live de Edcley Teixeira viralizou. No vídeo, ele apresentou questões sobre fotossíntese, níveis de ruído e outros conteúdos de ciências da natureza, com estrutura semelhante às aplicadas na edição deste ano. A transmissão conquistou repercussão significativa quando participantes do ENEM 2025 perceberam que as questões tinham enunciados, situações-problema e alternativas comparáveis às que acabavam de responder.
Estudantes relataram nas redes sociais a impressão de que o influenciador tinha tido acesso prévio às perguntas, questionando a lisura do processo. As comparações também chegaram a docentes e especialistas, que passaram a analisar a possibilidade de memorização de itens durante pré-testes. A hipótese ganhou força quando professores reconheceram que situações semelhantes já ocorreram em anos anteriores, ainda que de forma isolada.
A transmissão de conteúdo tão próximo ao da prova, dias antes de sua aplicação, se tornou o estopim para a pressão por respostas rápidas do MEC. A anulação das questões indicou que a semelhança não poderia ser ignorada. Embora o influenciador negue qualquer vazamento, afirmando ter apenas identificado padrões, o caso levantou dúvidas profundas sobre a integridade dos pré-testes e a segurança do Banco Nacional de Itens.
O que diz o MEC e como o Inep justificou a anulação
O Ministério da Educação afirmou que a lisura, validade e equidade das provas do ENEM 2025 foram preservadas. A equipe técnica responsável pela montagem do exame avaliou o conteúdo divulgado nas redes sociais e identificou similaridades relevantes que justificavam a anulação de três itens. A exclusão dos itens não afeta a correção, pois a prova utiliza a TRI, metodologia que ajusta estatisticamente a nota e permite a eliminação de perguntas sem prejudicar o conjunto.
O Inep também ressaltou que nenhuma questão foi divulgada na internet de forma totalmente idêntica à aplicada no ENEM 2025. As autoridades argumentaram que houve similaridade estrutural, mas não reprodução literal. Ainda assim, as coincidências foram suficientes para acionar o protocolo de segurança e garantir transparência e isonomia.
A orientação oficial considera que o ENEM exige pré-testagem obrigatória. Nesse processo, estudantes selecionados têm contato com itens que, futuramente, podem ser aproveitados na prova oficial. Essa exigência faz parte da calibragem estatística necessária para a aplicação da TRI. Entretanto, o episódio revelou que a memorização desses itens pode representar um risco quando combinada com ampla exposição digital.
Pré-testes e Banco Nacional de Itens sob investigação técnica
A discussão central recai agora sobre a segurança dos pré-testes. O Inep reconhece que estudantes que participam dessas etapas entram em contato com itens que podem ser reutilizados no ENEM. A prática, prevista nos protocolos psicométricos, torna a prova mais confiável, mas abre uma brecha para que determinadas pessoas, ao memorizar questões, consigam compartilhá-las posteriormente.
No caso da live, o influenciador afirmou que a semelhança se deve a sua capacidade de prever padrões e identificar tendências. No entanto, especialistas avaliam que a memorização de itens pré-testados é uma possibilidade real e pode ter contribuído para a similaridade observada. A linha entre previsão estatística e reprodução memorizada é tênue, e o episódio reacendeu alertas sobre a necessidade de revisão dos mecanismos de sigilo.
A repercussão também motivou o envolvimento da Polícia Federal, acionada para apurar eventual quebra de confidencialidade. A investigação deve esclarecer se houve violação de banco de itens, uso indevido de informações sigilosas ou simplesmente reprodução de conteúdo memorizado, hipótese que, embora não configure crime, compromete a confiança pública na segurança da prova.
Reações dos estudantes e o temor sobre a validade do ENEM 2025
Nas redes sociais, milhares de estudantes demonstraram preocupação com o possível cancelamento do exame. A hipótese gerou ansiedade e ampliou a necessidade de resposta rápida do MEC. A confirmação de que o ENEM 2025 permanece válido não eliminou completamente a tensão, mas trouxe segurança mínima para que os participantes continuassem aguardando o resultado.
A sensação predominante foi de que a antecipação de questões poderia gerar vantagem indevida para alguns candidatos, o que, segundo o Inep, foi neutralizado pela anulação dos itens. Especialistas explicam que a TRI é capaz de corrigir esse tipo de distorção, assegurando que a nota final não seja impactada pela exclusão de perguntas específicas.
Ainda assim, o episódio evidencia a necessidade de revisão dos modelos de elaboração e armazenamento de itens, além da discussão sobre controles mais rígidos nos pré-testes. A pressão social sobre o MEC demonstra que o ENEM 2025 se tornou um símbolo da importância de transparência e segurança no processo avaliativo nacional.
Comparações das questões e o impacto da viralização
As questões apresentadas na live ganharam grande repercussão porque dialogavam diretamente com temas de grande relevância na prova, como fotossíntese e acústica. A questão sobre fotossíntese lembrava a pergunta de número 123 do caderno azul, enquanto o item sobre o grito se aproximava da questão 132.
O detalhamento dos enunciados nas redes sociais após a prova ampliou a sensação de proximidade entre os conteúdos. A viralização gerou uma onda de comparações, com imagens de telas e transcrições circulando em grupos de estudos. a rápida disseminação reforçou a necessidade de postura imediata do MEC e colocou o processo de montagem da prova sob escrutínio público.
A importância da TRI para manter a equivalência do exame
Uma das principais explicações do MEC para acalmar os candidatos foi o papel da Teoria da Resposta ao Item. A metodologia, utilizada há mais de duas décadas no ENEM, é capaz de recalibrar a prova mesmo quando uma questão é anulada, preservando a comparabilidade entre notas.
A TRI analisa o comportamento estatístico do candidato em relação ao conjunto de questões respondidas, e não apenas ao número de acertos. Por isso, o MEC assegura que a anulação dos três itens não compromete o exame e não traz prejuízo para nenhum grupo.
As medidas emergenciais e os próximos passos
O MEC determinou o reforço imediato dos protocolos internos, com revisão dos processos de pré-testagem, rastreamento e confidencialidade. O Inep também sinalizou que deve ampliar mecanismos de vigilância e adotar novas ferramentas para evitar memorização indevida de itens.
A investigação da Polícia Federal tende a ser decisiva para definir se o episódio configura infração administrativa, violação de sigilo ou apenas exploração de fragilidades estruturais. Enquanto isso, especialistas defendem que o episódio traga revisão profunda de todo o ecossistema de preparação do ENEM.






