IPCA-15 abaixo do esperado reforça chance de inflação encerrar 2025 dentro da meta
O IPCA-15 de outubro registrou alta de 0,18%, abaixo das expectativas do mercado financeiro, e trouxe um sinal positivo para o controle inflacionário no Brasil. No acumulado de 12 meses, o índice atingiu 4,94%, permanecendo dentro do intervalo da meta de inflação de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
O resultado reforça a perspectiva de que a inflação deve encerrar 2025 dentro da meta, segundo avaliação da economista-chefe da Mirae Asset, Marianna Costa. A composição do índice mostrou um quadro mais benigno, com redução do índice de difusão (que mede o quanto os aumentos de preços se espalham entre os produtos e serviços), caindo de 53% para 50%.
Com a inflação sob controle, cresce também a expectativa de corte da taxa Selic no início de 2026, especialmente se o cenário de estabilidade se mantiver nos próximos meses.
IPCA-15: resultado abaixo das projeções indica arrefecimento da inflação
A leitura do IPCA-15 de outubro surpreendeu positivamente os analistas. O mercado esperava avanço de 0,24%, mas o resultado foi menor, refletindo o arrefecimento de pressões inflacionárias em vários segmentos.
O comportamento do índice foi influenciado por dois fatores:
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Itens voláteis, como energia elétrica e passagens aéreas, registraram variações pontuais, sem impacto estrutural.
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Os núcleos de inflação, que medem a tendência de longo prazo, apresentaram melhora significativa.
Entre os grupos que mais contribuíram para a alta do índice estão transportes, impulsionados por gasolina, ônibus urbano e metrô. No entanto, a maior parte da cesta de consumo apresentou estabilidade, mostrando que o avanço dos preços está menos disseminado.
IPCA-15 e a trajetória da inflação até o fim de 2025
A Mirae Asset projeta que, se a tendência observada em outubro continuar, o IPCA encerrará 2025 dentro do intervalo da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Isso reforça o cenário de estabilidade de preços e de maior previsibilidade econômica.
Nos últimos meses, o Brasil vem registrando desaceleração consistente da inflação, com alívio em bens industriais, alimentação no domicílio e serviços subjacentes.
Os principais fatores que sustentam essa trajetória são:
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Estabilidade cambial, que reduz pressões sobre produtos importados;
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Melhora nas cadeias de suprimentos globais, que diminui custos de produção;
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Expectativas ancoradas, com o mercado projetando inflação controlada para 2026;
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Política monetária ainda restritiva, mantendo o crédito sob moderação.
Essa combinação tem contribuído para a convergência da inflação para o centro da meta.
Núcleos de inflação mostram melhora qualitativa
O IPCA-15 também revelou uma melhora qualitativa importante: os núcleos de inflação — que excluem itens de forte volatilidade — seguem em trajetória de desaceleração.
O núcleo de serviços subjacentes, considerado o mais sensível à demanda doméstica, subiu de 0,04% para 0,24%, mas ainda está em níveis muito inferiores aos registrados no primeiro semestre. Essa variação indica que o consumo vem se expandindo de forma gradual, sem gerar pressões de preços relevantes.
Outro ponto positivo é a queda do índice de difusão, que recuou para 50%, demonstrando que menos itens estão registrando aumento de preços. Isso reforça a leitura de que a inflação está menos disseminada e mais concentrada em choques pontuais.
IPCA-15 e a política monetária: foco no corte da Selic
Com a inflação controlada e a expectativa de que o IPCA-15 siga em patamar moderado, o mercado financeiro passou a precificar um corte de juros já em janeiro de 2026.
Atualmente, a taxa Selic está em 10,75% ao ano, após uma série de reduções graduais promovidas pelo Banco Central (BC) ao longo de 2024 e 2025. A leitura mais branda do IPCA-15 reforça a possibilidade de continuidade desse ciclo.
A economista Marianna Costa avalia que, se a tendência positiva persistir, o Comitê de Política Monetária (Copom) poderá reduzir a Selic em 0,50 ponto percentual, antecipando o início de um novo ciclo de estímulos à economia.
Essa expectativa já se reflete na curva de juros futura, que projeta cortes entre janeiro e março de 2026.
Impactos do IPCA-15 sobre a economia real
A queda do IPCA-15 tem reflexos diretos sobre o consumo e o crédito. Com a inflação mais baixa, o poder de compra das famílias aumenta, impulsionando o comércio e o setor de serviços.
Além disso, a estabilidade de preços reduz incertezas e melhora a confiança dos investidores, criando um ambiente mais favorável para o crescimento do PIB em 2026.
Os segmentos mais beneficiados por uma inflação controlada são:
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Varejo: com preços mais previsíveis e crédito mais acessível, o consumo tende a crescer;
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Imobiliário: juros menores favorecem financiamentos e lançamentos;
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Serviços: com a retomada gradual do emprego e renda, o setor volta a acelerar;
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Investimentos produtivos: custos de capital mais baixos aumentam a atratividade do investimento privado.
IPCA-15 e o comportamento dos preços por grupo
O resultado de outubro mostrou estabilidade nos grupos mais sensíveis à renda das famílias:
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Alimentação e bebidas: registraram leve alta, mas abaixo da média histórica;
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Habitação: variações pontuais em energia elétrica e gás;
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Transportes: impacto maior do reajuste da gasolina e passagens;
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Saúde e cuidados pessoais: comportamento moderado;
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Educação e comunicação: sem grandes alterações.
A leitura indica que, mesmo com pressões localizadas, o IPCA-15 mantém trajetória de convergência.
Expectativas para o IPCA-15 dos próximos meses
O cenário de inflação controlada tende a se manter nos próximos meses, segundo economistas de mercado. A expectativa é que o IPCA-15 avance entre 0,20% e 0,25% em novembro e dezembro, mantendo o acumulado de 12 meses abaixo de 5%.
Com isso, o Banco Central ganha espaço para flexibilizar a política monetária sem comprometer o processo de desinflação. O risco principal segue sendo eventuais choques de preços em energia e combustíveis, que podem alterar a dinâmica de curto prazo.
Ainda assim, o consenso é de que a inflação de 2025 deverá encerrar em torno de 4,5%, dentro do intervalo da meta estabelecido pelo CMN.
Perspectiva para o corte da Selic em 2026
O comportamento do IPCA-15 também reforça o otimismo quanto ao início do ciclo de afrouxamento monetário em 2026. Com inflação sob controle e expectativas ancoradas, o Banco Central poderá adotar cortes graduais na taxa de juros para estimular a economia sem gerar novos desequilíbrios.
A projeção da Mirae Asset é que a Selic possa encerrar 2026 em 9% ao ano, o que representaria um impulso relevante ao crédito e à atividade produtiva.
O resultado do IPCA-15 de outubro confirma que a inflação brasileira caminha para encerrar 2025 dentro da meta, apoiada por uma composição favorável e pela queda da difusão entre os grupos de consumo.
Com isso, o Banco Central ganha margem para reduzir a taxa Selic no início de 2026, abrindo espaço para uma retomada mais forte da economia. A convergência da inflação para níveis sustentáveis reforça a credibilidade da política monetária e consolida o Brasil em uma trajetória de estabilidade macroeconômica.






