Preços do frango sobem em São Paulo com oferta doméstica abaixo do nível pré-gripe aviária
Os preços do frango voltaram ao centro das atenções no mercado de alimentos em São Paulo após uma sequência de altas observadas entre agosto e outubro, resultado direto da redução da oferta doméstica da proteína para níveis próximos aos registrados antes da crise provocada pela gripe aviária. O movimento reflete mudanças estruturais na dinâmica de produção, exportação e consumo, além de evidenciar o impacto das carnes concorrentes sobre o comportamento do mercado.
A escalada dos preços do frango ocorre em um cenário de recomposição gradual das exportações brasileiras, que passaram a absorver parcela relevante da produção nacional, reduzindo a disponibilidade interna. Esse ajuste se deu após o país ter enfrentado restrições temporárias aos embarques, que haviam inflado a oferta doméstica no auge da crise sanitária.
Oferta doméstica retorna ao patamar pré-crise sanitária
O principal fator por trás da elevação dos preços do frango foi a redução da oferta interna para volumes semelhantes aos observados antes da confirmação do caso de gripe aviária em granja comercial no Brasil. Entre agosto e setembro, a disponibilidade de carne de frango no mercado paulista somou cerca de 111 milhões de quilos, número muito próximo ao registrado no período anterior à crise sanitária.
Durante o momento mais crítico das restrições às exportações, em maio, a oferta doméstica havia ultrapassado 123 milhões de quilos, pressionando as cotações para baixo. Com a retomada gradual dos embarques internacionais, esse excedente foi absorvido, provocando uma reacomodação dos preços no mercado interno.
Esse movimento explica por que os preços do frango ganharam força justamente a partir do segundo semestre, quando o setor voltou a operar com volumes mais equilibrados entre oferta e demanda.
Retomada das exportações enxuga mercado interno
A recuperação do ritmo das exportações brasileiras de carne de frango teve papel decisivo no comportamento dos preços do frango. Com o avanço dos embarques, parte significativa da produção foi direcionada ao mercado externo, reduzindo a quantidade disponível para o consumo doméstico.
A retomada das compras por importantes parceiros comerciais, especialmente após a normalização do status sanitário do país, contribuiu para restabelecer o fluxo exportador a patamares próximos aos observados antes da crise. Esse cenário favoreceu o ajuste dos preços internos, ao mesmo tempo em que reforçou a competitividade do Brasil no comércio internacional de proteínas.
Interrupção das altas em novembro indica ajuste pontual
Apesar da sequência de valorização registrada entre agosto e outubro, os preços do frango apresentaram leve recuo em novembro, interrompendo três meses consecutivos de alta. No atacado da Grande São Paulo, o frango inteiro congelado registrou queda média de pouco mais de 2% em relação a outubro.
Esse movimento foi influenciado por fatores sazonais e conjunturais. A maior disponibilidade de frango vivo para abate elevou a oferta no mercado atacadista, enquanto a demanda apresentou enfraquecimento típico da segunda quinzena de novembro, pressionando as cotações.
Ainda assim, o patamar de preços permaneceu acima do observado no início do segundo semestre, indicando que a tendência estrutural segue sustentada.
Gangorra de preços entre frango e carne suína
A dinâmica dos preços do frango também está diretamente relacionada ao comportamento das carnes concorrentes, especialmente a suína. Após meses de vantagem competitiva, a carne de frango perdeu parte desse diferencial em outubro, quando a distância entre os preços das duas proteínas diminuiu.
Enquanto os preços do frango avançaram de forma consistente, as cotações da carne suína passaram por movimento de acomodação, favorecendo a competitividade do produto concorrente. Esse ajuste reduziu a diferença de preços entre as duas proteínas, influenciando decisões de compra no varejo e no atacado.
A interação entre essas cadeias produtivas é determinante para o equilíbrio do mercado de proteínas no Brasil.
Produção e abates influenciam comportamento do mercado
O comportamento dos preços do frango também reflete alterações no ritmo de produção e abate. A maior oferta de aves vivas em novembro ampliou temporariamente a disponibilidade de carne, contribuindo para a correção pontual das cotações.
Ao mesmo tempo, o setor segue atento à necessidade de manter o equilíbrio entre produção e demanda, evitando excessos que possam pressionar os preços para baixo. A experiência recente da gripe aviária reforçou a importância de ajustes rápidos e coordenados ao longo da cadeia produtiva.
Expectativas divergentes para o final do ano
As perspectivas para os preços do frango nas próximas semanas dividem opiniões no setor. Parte dos agentes aposta em reação positiva das cotações com a aproximação das festas de fim de ano, período tradicionalmente marcado por aumento no consumo de carnes.
Outros participantes do mercado, porém, demonstram cautela diante da possibilidade de oferta de animais vivos acima da demanda, o que poderia manter o mercado pressionado no curto prazo. Esse cenário de incerteza reforça a volatilidade típica do setor, especialmente em períodos de transição entre ciclos de produção.
Competitividade com a carne suína ganha destaque
O ajuste recente dos preços do frango abriu espaço para recuperação da competitividade da carne suína, que vinha sendo desfavorecida desde o início da crise sanitária. A redução na disponibilidade interna de carne suína e o avanço das exportações dessa proteína ajudaram a sustentar preços firmes no segmento.
Ao mesmo tempo, produtores de suínos passaram a enfrentar um cenário mais favorável em termos de custos, especialmente com a queda expressiva nos preços do farelo de soja, insumo essencial para a alimentação animal.
Poder de compra do suinocultor atinge nível histórico
Enquanto os preços do frango seguem sustentados, os produtores de carne suína experimentam um momento particularmente positivo em relação ao poder de compra de insumos. A relação de troca entre o suíno vivo e o farelo de soja atingiu patamares elevados, refletindo tanto preços firmes da proteína quanto a desvalorização do insumo.
Esse cenário fortalece a posição do suinocultor e contribui para o equilíbrio do mercado de proteínas, ao reduzir pressões excessivas sobre a carne de frango.
Exportações de carne suína e impacto no mercado interno
O crescimento expressivo das exportações brasileiras de carne suína também influencia o ambiente competitivo entre proteínas. O aumento dos embarques reduziu a oferta doméstica, sustentando preços e reforçando a atratividade do produto no mercado externo.
Esse movimento cria uma dinâmica de compensação entre os segmentos, na qual oscilações nos preços do frango encontram resposta na cadeia suinícola, e vice-versa.
Exportações de frango caminham para recorde histórico
No caso da carne de frango, as exportações seguem em ritmo acelerado e podem alcançar recorde inédito em 2025. O volume embarcado nos últimos meses superou o registrado em períodos equivalentes de anos anteriores, mesmo após o episódio de gripe aviária.
Esse desempenho contribui para sustentar os preços do frango no mercado doméstico, ao mesmo tempo em que consolida o Brasil como um dos principais fornecedores globais da proteína.
Retomada europeia fortalece mercado exportador
A reabertura do mercado europeu para a carne de frango brasileira foi determinante para a recuperação do fluxo exportador. A retomada das compras pelo bloco ajudou a reequilibrar o mercado e reforçou a tendência de alta observada nos preços do frango ao longo do segundo semestre.
Esse fator se soma à expectativa de manutenção do bom desempenho externo, desde que não ocorram novos episódios sanitários.
China segue como incógnita para o setor
Apesar do avanço das exportações, os embarques de carne de frango para a China permanecem suspensos. O retorno desse mercado poderia impulsionar ainda mais os volumes exportados e gerar pressão adicional sobre os preços do frango no mercado interno.
As perspectivas para 2025 dependem, em grande medida, da estabilidade sanitária e da ausência de novos casos de influenza aviária em granjas comerciais.
Mercado de proteínas entra em fase de reequilíbrio
O comportamento recente dos preços do frango evidencia que o mercado de proteínas no Brasil atravessa uma fase de reequilíbrio após os choques provocados pela crise sanitária. A retomada das exportações, o ajuste da oferta interna e a interação com carnes concorrentes moldam um novo cenário para produtores, distribuidores e consumidores.
Esse ambiente exige atenção constante às condições de mercado, aos custos de produção e às tendências de consumo, que seguem em transformação.
Preços do frango refletem novo patamar estrutural
Embora oscilações pontuais continuem ocorrendo, os preços do frango parecem ter alcançado um novo patamar estrutural, sustentado por exportações fortes e oferta doméstica mais ajustada. A tendência de médio prazo dependerá do equilíbrio entre produção, consumo interno e desempenho no mercado externo.
Para o consumidor, o cenário indica menor probabilidade de retornos aos níveis mais baixos observados durante o auge da crise sanitária, enquanto para o setor produtivo, reforça a importância de planejamento e gestão de riscos.






