Trump e Xi Jinping se reúnem e reforçam relação estratégica em meio a tensões comerciais entre EUA e China
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder chinês Xi Jinping se encontraram na manhã desta quinta-feira (30) na Base Aérea de Gimhae, na Coreia do Sul, em uma reunião que reacende as discussões sobre o futuro das relações comerciais entre EUA e China. O encontro, realizado em meio à expectativa de um novo acordo bilateral, simboliza mais uma tentativa de reaproximação entre as duas maiores potências econômicas do mundo, após anos de embates tarifários, disputas tecnológicas e rivalidades geopolíticas.
O clima de cordialidade marcou o início da conversa. Trump cumprimentou Xi calorosamente, em um cenário preparado com duas bandeiras americanas e duas chinesas, representando o equilíbrio diplomático que ambos os países buscam manter. O presidente norte-americano destacou o respeito mútuo e afirmou estar otimista com os resultados da conversa, embora tenha reconhecido o perfil firme de seu homólogo chinês.
A declaração de Trump de que Xi é um “negociador muito duro” evidencia o tom realista que costuma dominar as tratativas entre Washington e Pequim. A fala, ainda que carregada de informalidade, reflete o entendimento de que, apesar das diferenças políticas e comerciais, os dois líderes compartilham o interesse em manter a estabilidade econômica global.
Trump e Xi Jinping: o reencontro que reacende o diálogo EUA-China
O encontro entre Trump e Xi Jinping ocorre em um contexto de reaproximação diplomática após a trégua comercial anunciada entre os dois países. Essa nova fase busca reduzir as tensões tarifárias que marcaram os últimos anos e criar um ambiente favorável para novos acordos no comércio internacional.
Segundo analistas de política internacional, Trump tenta equilibrar sua postura populista — baseada em slogans como “America First” — com a necessidade de restabelecer o comércio fluido com a China, um parceiro essencial para a economia norte-americana. Já Xi Jinping enxerga a oportunidade de fortalecer a imagem da China como potência estável e confiável, sobretudo após o crescimento do PIB chinês acima das projeções em 2025.
Especialistas ouvidos por agências internacionais afirmam que Trump usa a diplomacia como extensão de sua estratégia econômica, tentando reduzir o déficit comercial com a China e aumentar as exportações americanas, especialmente nos setores agrícola e tecnológico.
O contexto global do encontro: trégua e cautela
A reunião de Trump e Xi Jinping coincide com o anúncio da trégua comercial de um ano firmado na cúpula da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico), em Busan, Coreia do Sul. O acordo, o primeiro em seis anos, suspende tarifas bilaterais e restrições tecnológicas, permitindo que setores estratégicos como semicondutores, metais raros e agricultura retomem gradualmente o fluxo de comércio.
A China concordou em flexibilizar controles de exportação de terras raras, enquanto os Estados Unidos congelaram novas sanções contra subsidiárias chinesas. O entendimento temporário foi visto como um gesto político importante, mas os mercados seguem atentos à durabilidade da medida, uma vez que Trump pretende revisar anualmente os termos da trégua.
Apesar do tom amistoso, diplomatas avaliam que as negociações entre as duas potências permanecem delicadas, pois envolvem temas sensíveis como:
-
Transferência de tecnologia;
-
Propriedade intelectual;
-
Segurança digital;
-
Produção de semicondutores;
-
Questões geopolíticas envolvendo Taiwan.
O próprio Trump admitiu que Xi é um “amigo difícil”, o que reflete a complexidade de lidar com a postura assertiva do líder chinês em meio a disputas estratégicas.
Críticas ao Federal Reserve: Trump volta a atacar Jerome Powell
Durante sua viagem à Ásia, Trump aproveitou a visibilidade internacional para criticar novamente o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, e seu presidente, Jerome Powell. O republicano classificou o dirigente como “incompetente” e afirmou que pretende substituí-lo “em alguns meses”.
O comentário reforça a pressão que Trump vem exercendo sobre a política monetária americana, em um momento em que o Fed vem promovendo cortes graduais nos juros para estimular o consumo e o investimento doméstico.
Trump revelou ainda que cogitou indicar Scott Bessent, atual secretário do Tesouro, para o comando do banco central, mas o economista teria recusado o convite. A fala acendeu debates entre investidores sobre possíveis interferências políticas na autonomia do Fed, tema sensível para o equilíbrio institucional dos Estados Unidos.
Mercados reagem com cautela às declarações de Trump
As declarações de Trump e Xi Jinping foram acompanhadas de reações imediatas nos mercados internacionais. O dólar apresentou leve valorização diante de moedas emergentes, enquanto as bolsas asiáticas operaram sem direção única: o Nikkei 225 encerrou o dia com alta marginal de 0,04%, e o Hang Seng, de Hong Kong, caiu 0,24%.
Na Europa, os mercados também oscilaram, refletindo a combinação de otimismo com a trégua comercial e incertezas sobre a política monetária americana. Em Nova York, o Dow Jones avançou 0,39%, enquanto o Nasdaq recuou 1,17%, pressionado pelas ações das grandes empresas de tecnologia.
Economistas avaliam que, caso Trump concretize sua promessa de substituir Powell, os mercados poderão reagir de forma volátil, com temores sobre o comprometimento da independência do Federal Reserve e os impactos sobre a inflação americana.
Xi Jinping busca estabilidade e protagonismo global
Enquanto Trump adota um discurso de força, Xi Jinping trabalha para consolidar a imagem da China como potência global estável e previsível. O líder comunista tem reforçado o papel de Pequim em negociações internacionais e defendido o uso do yuan em acordos comerciais para reduzir a dependência do dólar.
A China também vem intensificando sua política de expansão tecnológica, com investimentos em energia limpa, semicondutores e veículos elétricos. Segundo especialistas, Xi tenta aproveitar o momento de incerteza nos EUA para ampliar a influência chinesa na Ásia, África e América Latina.
Com o avanço da Iniciativa Cinturão e Rota (Belt and Road Initiative), Pequim fortalece sua posição como alternativa econômica ao modelo ocidental, oferecendo crédito e infraestrutura a países em desenvolvimento.
Análise: pragmatismo e poder no reencontro entre Trump e Xi Jinping
O reencontro entre Trump e Xi Jinping mostra que, apesar da retórica inflamada e das divergências ideológicas, os interesses econômicos continuam prevalecendo sobre os políticos. Ambos os líderes têm motivos domésticos para buscar estabilidade:
-
Trump quer estimular o crescimento americano antes das eleições;
-
Xi precisa preservar o ritmo da economia chinesa diante da desaceleração do setor imobiliário e do consumo interno.
A relação entre EUA e China permanece um equilíbrio tenso entre cooperação e rivalidade, onde cada movimento é calculado para proteger vantagens estratégicas. Mesmo com gestos de cordialidade, o tabuleiro global segue competitivo.
O analista político Mark Leonard, do European Council on Foreign Relations, observa que “Trump entende a diplomacia como uma negociação de negócios, e Xi, como uma partida de xadrez de longo prazo. Ambos se respeitam, mas nenhum confia plenamente no outro”.
Os próximos passos da relação EUA-China
Após o encontro, autoridades dos dois países indicaram que uma nova rodada de conversas comerciais deve ocorrer ainda no primeiro trimestre de 2026. As discussões devem focar em:
-
Políticas industriais e subsídios;
-
Comércio agrícola;
-
Regulação de chips e semicondutores;
-
Cooperação em energias limpas e aviação.
Enquanto isso, a trégua firmada na Apec oferece alívio temporário aos mercados, mas não elimina o risco de novas tensões. O comportamento de Trump e Xi nas próximas semanas será crucial para determinar se o diálogo avança ou se novas sanções voltam a ameaçar a estabilidade global.
Entre elogios e disputas, o jogo diplomático continua
A reunião entre Trump e Xi Jinping reforça que, mesmo entre adversários estratégicos, a diplomacia ainda é uma ferramenta indispensável. Trump chamou Xi de “amigo”, mas o descreveu como “negociador duro” — uma definição que traduz com precisão o momento geopolítico atual: uma mistura de cooperação econômica e competição ideológica.
O futuro das relações entre EUA e China dependerá da capacidade de ambos os líderes de transformar o discurso cordial em ações concretas de parceria comercial, evitando que o pragmatismo dê lugar à rivalidade.
Enquanto Trump tenta reafirmar o protagonismo americano, Xi segue determinado a projetar a China como a nova força estabilizadora da economia global. O encontro em Gimhae, mais do que um gesto simbólico, é um capítulo decisivo da disputa por influência mundial.






