Magalu sobe 39% no ano e reacende debate sobre potencial das ações
O fato de que Magalu sobe 39% no ano tornou-se um dos temas mais discutidos entre analistas e investidores ao longo de 2025. A valorização expressiva chama atenção à primeira vista, sobretudo em um período marcado por juros elevados, consumo pressionado e competição intensa no comércio eletrônico. No entanto, por trás desse desempenho positivo, há uma história mais complexa, que envolve recuperação técnica, mudanças estratégicas profundas e a expectativa de um novo ciclo macroeconômico a partir de 2026.
Apesar do avanço relevante no preço das ações, 2025 esteve longe de ser um ano fácil para a companhia. O ambiente macroeconômico adverso, com crédito caro e consumidores mais endividados, afetou diretamente o ritmo de crescimento das vendas e pressionou margens. Ainda assim, o mercado passou a precificar sinais de resiliência operacional e uma reorganização do modelo de negócios que pode redefinir o futuro da varejista.
A discussão central, portanto, não é apenas por que Magalu sobe 39% no ano, mas se esse movimento representa apenas uma correção após quedas históricas ou se há fundamentos suficientes para sustentar novas altas nos próximos ciclos.
Uma alta que nasce de uma base deprimida
Para entender por que Magalu sobe 39% no ano, é preciso olhar para o ponto de partida. As ações da companhia atingiram uma mínima histórica em janeiro de 2025, quando o papel foi negociado a R$ 5,81. Desde o pico registrado no início de 2021, a queda acumulada chegou a cerca de 96%, refletindo uma combinação de expectativas excessivamente otimistas no passado e mudanças bruscas no cenário econômico.
Nesse contexto, parte da valorização observada em 2025 pode ser interpretada como um movimento de recuperação técnica. Após um período prolongado de forte desvalorização, qualquer melhora marginal na percepção de risco tende a provocar reprecificações mais intensas. Ainda assim, a alta não ocorreu no vácuo e veio acompanhada de ajustes internos relevantes.
Os resultados do terceiro trimestre ajudam a dimensionar os desafios. O lucro líquido ajustado caiu quase 70% na comparação anual, enquanto, no acumulado de nove meses, a retração superou 57%. Esses números mostram que, do ponto de vista operacional, o ambiente seguiu extremamente desafiador, mesmo com a valorização das ações.
Juros altos e pressão estrutural no varejo
O pano de fundo macroeconômico explica parte das dificuldades. Desde 2022, a Selic permaneceu em patamar elevado, impactando diretamente o custo do crédito ao consumo, um fator crucial para empresas do varejo. A pressão se estendeu ao longo de 2025 e, segundo as projeções do mercado, a taxa básica só deve retornar a um dígito mais adiante, possivelmente apenas em 2028.
Esse cenário afeta não apenas o consumidor final, mas também o custo de capital das empresas. Margens mais apertadas e menor demanda criam um ambiente em que a eficiência operacional passa a ser determinante. Nesse sentido, o fato de que Magalu sobe 39% no ano não pode ser dissociado do esforço da companhia em ajustar sua estrutura financeira e operacional.
Mesmo sob pressão, a empresa conseguiu manter resultados positivos, algo que nem todos os concorrentes diretos alcançaram. A comparação com outras grandes varejistas evidencia que a disciplina de capital adotada nos últimos trimestres ajudou a preservar a sustentabilidade do negócio.
Disciplina financeira e resiliência operacional
Embora os números de lucro tenham recuado de forma significativa, o simples fato de a companhia ter permanecido no azul ao longo de 2025 foi interpretado pelo mercado como um sinal de resiliência. Em um setor altamente competitivo, no qual prejuízos consecutivos se tornaram frequentes, a manutenção do equilíbrio financeiro ganhou relevância.
A leitura predominante entre analistas é de que a empresa conseguiu atravessar o pior momento do ciclo sem comprometer sua estrutura de capital. Esse fator ajuda a explicar por que Magalu sobe 39% no ano, mesmo em um ambiente ainda desfavorável para o varejo como um todo.
A busca por maior eficiência na alocação de recursos, aliada à contenção de despesas e ao foco em rentabilidade, passou a orientar as decisões estratégicas. O crescimento deixou de ser o único objetivo, cedendo espaço para uma abordagem mais seletiva e sustentável.
Um novo ciclo estratégico a partir de 2026
A direção da companhia tem sinalizado que 2026 deve marcar o início de um novo ciclo estratégico. Após um período intenso de aquisições entre 2019 e 2021, quando foram incorporadas 19 empresas, o foco passou a ser a integração dessas operações e a exploração de sinergias dentro do ecossistema.
Essa mudança de postura reforça a percepção de que Magalu sobe 39% no ano não apenas por fatores externos, mas também pela expectativa de uma empresa mais madura, menos dependente de expansão acelerada e mais orientada à geração de valor.
A diversificação das fontes de receita tornou-se um dos pilares dessa nova fase. Além do comércio eletrônico tradicional, a companhia passou a investir em áreas como serviços financeiros, logística e até computação em nuvem, ampliando seu alcance para além do varejo clássico.
Crédito próprio e fortalecimento do ecossistema financeiro
Um dos movimentos mais relevantes foi o avanço nas operações de crédito. A joint venture com o Itaú, responsável pela operação de cartões, já administra uma carteira bilionária, reforçando a importância dos serviços financeiros dentro do grupo.
Além disso, a autorização para operar uma financeira própria abriu espaço para a expansão do crédito direto ao consumidor. Esse modelo, conhecido popularmente como carnê, tem potencial para alcançar públicos de menor renda, complementando o uso do cartão de crédito e ampliando as vendas nas lojas físicas.
A expansão dessas operações tende a ganhar tração a partir de 2026, criando uma nova frente de receitas recorrentes. Esse fator é frequentemente citado como um dos motivos pelos quais Magalu sobe 39% no ano, mesmo diante de resultados ainda pressionados.
Lojas físicas reinventadas e o conceito de experiência
Outro elemento central na reavaliação do papel foi a redefinição do papel das lojas físicas. Durante anos vistas como um peso frente a concorrentes puramente digitais, essas unidades passaram a ser tratadas como ativos estratégicos.
A inauguração de uma loja conceito em São Paulo simboliza essa mudança. Mais do que um ponto de vendas, o espaço funciona como um centro de experiências, reunindo diferentes marcas do ecossistema e explorando novas formas de interação com o consumidor, inclusive por meio de criadores de conteúdo e transmissões ao vivo.
Esse modelo reforça a presença da marca e amplia as possibilidades de monetização, inclusive com publicidade. A expectativa de replicação desse conceito em outras localidades contribui para a percepção de que Magalu sobe 39% no ano apoiada em uma transformação estrutural, e não apenas em expectativas especulativas.
Logística como vantagem competitiva
A rede de lojas físicas também passou a desempenhar um papel fundamental na logística. A criação de uma empresa dedicada a esse segmento transformou pontos de venda em centros de distribuição, acelerando entregas e reduzindo custos.
Hoje, uma parcela significativa dos produtos vendidos on-line passa pelas lojas físicas, permitindo prazos de entrega mais curtos e maior eficiência operacional. Essa integração entre canais reforça a competitividade da empresa frente a gigantes globais do comércio eletrônico.
A monetização da logística, com atendimento a empresas externas, amplia ainda mais o potencial de geração de receitas, fortalecendo a tese de que Magalu sobe 39% no ano por razões que vão além do varejo tradicional.
O papel decisivo da queda dos juros
Embora os ajustes internos sejam relevantes, o fator macroeconômico permanece central. A expectativa de início de um ciclo de corte da Selic a partir de 2026 é vista como um catalisador importante para o setor varejista.
A redução do custo do crédito tende a aliviar o endividamento dos consumidores e estimular as vendas de bens duráveis, segmento no qual a companhia tem forte presença. Além disso, juros menores reduzem despesas financeiras e melhoram a percepção de valor das empresas intensivas em capital.
Nesse contexto, o mercado passou a antecipar esse cenário, contribuindo para que Magalu sobe 39% no ano, mesmo antes de uma melhora concreta nos indicadores macroeconômicos.
Valuation mais realista após o estouro da bolha
O contraste entre o passado recente e o presente é marcante. Em 2020 e 2021, a ação chegou a ser negociada a múltiplos extremamente elevados, refletindo uma euforia que não se sustentou. O estouro dessa bolha levou a uma correção severa, que reduziu drasticamente o valor de mercado da companhia.
Hoje, os múltiplos se encontram em níveis mais convencionais, compatíveis com a realidade do setor e com o estágio atual da empresa. Essa normalização contribui para uma leitura mais racional do papel e ajuda a explicar por que Magalu sobe 39% no ano sem repetir excessos do passado.
Expectativa versus execução
A grande questão que permanece é se a companhia conseguirá transformar expectativas em resultados concretos. A estratégia de diversificação, o fortalecimento do ecossistema e a possível melhora do cenário macroeconômico criam um ambiente mais favorável, mas os desafios permanecem relevantes.
Concorrência acirrada, margens pressionadas e dependência do comportamento do consumidor seguem no radar. O desempenho dos próximos trimestres será decisivo para confirmar se a valorização observada em 2025 representa o início de um novo ciclo ou apenas uma etapa intermediária de recuperação.
O fato de que Magalu sobe 39% no ano reacendeu o interesse do mercado, mas o caminho até os patamares históricos ainda é longo. O teste real da tese de investimento está apenas começando, em um cenário no qual disciplina, execução e adaptação serão determinantes.






