O Bitcoin (BTC) ultrapassou a marca simbólica de US$ 100 mil pela primeira vez na história, estabelecendo um novo recorde e consolidando sua posição como o principal ativo digital do mundo. Este marco foi impulsionado por uma série de fatores econômicos, políticos e institucionais, destacando-se as políticas pró-cripto do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Fatores que impulsionaram a valorização do Bitcoin
Políticas pró-cripto de Donald Trump
Durante o discurso de 100 dias de governo, Donald Trump reiterou seu compromisso com a liberdade financeira e com a inovação tecnológica, destacando que “as criptomoedas são o futuro da soberania econômica”. Entre as medidas anunciadas, destaca-se a intenção de criar uma reserva estratégica de Bitcoin como parte da política monetária nacional, nos moldes das reservas de ouro.
Além disso, Trump nomeou Paul Atkins, ex-comissário da SEC (U.S. Securities and Exchange Commission) e conhecido defensor da desregulamentação do setor cripto, para liderar a agência reguladora. Espera-se que, sob sua liderança, a SEC adote uma abordagem mais amigável em relação aos criptoativos, incentivando a inovação e protegendo investidores sem sufocar o crescimento do setor.
Retirada de BTC das exchanges
Segundo dados da Glassnode, houve uma retirada massiva de Bitcoin das exchanges nas últimas semanas. Somente nos últimos sete dias, mais de US$ 4,2 bilhões em BTC foram transferidos para carteiras de autocustódia, um movimento geralmente interpretado como sinal de acumulação e expectativa de valorização futura.
Esse comportamento sugere que investidores de longo prazo (“hodlers”) estão apostando em novos topos para o ativo e não têm intenção de vender no curto prazo, mesmo com o preço acima de US$ 100 mil. Trata-se de um movimento consistente com ciclos anteriores de valorização, em que a diminuição da liquidez em exchanges precedeu grandes altas.
Aumento da demanda institucional
A demanda por Bitcoin por parte de investidores institucionais atingiu níveis inéditos. ETFs de Bitcoin à vista, como o IBIT da BlackRock e o FBTC da Fidelity, registraram entradas líquidas de capital superiores a US$ 1,2 bilhão apenas nesta semana. Além disso, empresas como MicroStrategy, Tesla e até bancos de investimento têm ampliado suas posições em BTC.
A tese de que o Bitcoin representa uma reserva de valor alternativa ao dólar e um hedge contra inflação tem ganhado força nos círculos corporativos, especialmente em meio às incertezas sobre as políticas fiscais e monetárias dos EUA.
O movimento é comparado por analistas ao que ocorreu com o ouro nos anos 1970, durante um ciclo inflacionário semelhante.
Análise técnica: o que os gráficos indicam?
Níveis de suporte e resistência
Do ponto de vista técnico, o Bitcoin rompeu com força a zona de resistência entre US$ 98 mil e US$ 100 mil, que havia se formado como barreira psicológica. O movimento foi acompanhado por um alto volume de negociações e pelo rompimento de uma cunha descendente de quatro meses.
O indicador Índice de Força Relativa (RSI) encontra-se acima de 70, o que sugere forte momentum de alta. A média móvel de 200 dias (MM200) segue em tendência ascendente, reforçando o viés altista no médio e longo prazo.
Com a superação da marca de US$ 100 mil, os analistas técnicos apontam que a próxima resistência significativa está em US$ 107 mil, seguida por US$ 112 mil. Já o suporte imediato se encontra na faixa de US$ 92 mil a US$ 95 mil, com uma zona de suporte mais robusta entre US$ 84 mil e US$ 88 mil.
Caso o Bitcoin perca os US$ 95 mil, pode haver uma correção mais profunda até os US$ 85 mil, mas o sentimento geral do mercado permanece fortemente otimista. O volume de contratos em aberto no mercado futuro também sinaliza que traders estão apostando em novos recordes nas próximas semanas.
Perspectivas futuras: o que esperar para o Bitcoin?
Previsões de longo prazo
O banco Standard Chartered reiterou sua previsão de que o Bitcoin pode atingir US$ 200 mil até o final de 2025, com base em três pilares:
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Demanda institucional crescente, especialmente após a aprovação dos ETFs;
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Adoção oficial pelo governo dos EUA, com a formação de uma reserva estratégica de Bitcoin;
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Efeitos do halving de abril de 2025, que reduziu a emissão de novos BTCs pela metade.
Outros analistas, como o ex-executivo do Goldman Sachs, Raoul Pal, projetam que o Bitcoin pode atingir até US$ 250 mil caso os ciclos históricos de valorização se repitam. Já a Ark Invest, liderada por Cathie Wood, sugere que um cenário de hiperbitcoinização pode levar o BTC a valores superiores a US$ 500 mil em uma década.
O papel da narrativa política na valorização do Bitcoin
O presidente Donald Trump, que durante seu primeiro mandato se mostrava cético em relação ao Bitcoin, passou a adotar um discurso completamente diferente em 2025. Em eventos públicos e nas redes sociais, Trump passou a se referir ao BTC como “o ouro digital da liberdade americana”.
Segundo fontes próximas à Casa Branca, essa mudança de postura foi motivada por três fatores:
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A necessidade de atrair o voto jovem e tecnófilo;
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O lobby de grandes empresas do setor cripto;
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A percepção de que os EUA estavam perdendo espaço para países como Suíça, El Salvador e Emirados Árabes na liderança tecnológica do setor.
Essa mudança também gerou impacto global. Diversos países começaram a reavaliar suas políticas sobre ativos digitais, com a Alemanha, Canadá e Japão discutindo propostas de reservas estatais de Bitcoin.
Rumo a uma nova era regulatória?
Com Atkins na liderança da SEC, espera-se que haja desburocratização na aprovação de projetos cripto e criação de marcos legais favoráveis à inovação. Isso pode atrair startups, fundos e desenvolvedores para o mercado norte-americano, criando um ambiente semelhante ao do Vale do Silício dos anos 90, mas voltado às criptomoedas.
A possível criação de um “ambiente regulatório sandbox” — como ocorre hoje em Singapura — também é cogitada, permitindo testes de inovações financeiras com menor risco jurídico.
O rompimento da marca de US$ 100 mil pelo Bitcoin representa mais do que um marco numérico. É a consolidação de uma tendência política, econômica e social que vem se desenhando há mais de uma década. As políticas pró-cripto de Trump, a criação de uma possível reserva nacional de BTC e o aumento da demanda institucional formam uma tempestade perfeita para a valorização do ativo.
Embora a volatilidade continue sendo uma característica inerente ao mercado cripto, o cenário atual sugere que o Bitcoin caminha para se tornar um ativo de reserva global, com papel semelhante ao do ouro no século XX. A pergunta que agora fica no ar é: até onde o Bitcoin pode ir?
O mercado seguirá atento a novas declarações do governo norte-americano, às decisões do Federal Reserve e ao comportamento das baleias e dos ETFs. Enquanto isso, o mundo observa o Bitcoin, agora acima de US$ 100 mil, com olhos de fascínio, cautela e — cada vez mais — convicção.