Superávit do agronegócio paulista alcança US$ 21 bilhões em 2025 e consolida liderança nacional
O superávit do agronegócio paulista voltou a demonstrar a força produtiva e exportadora de São Paulo, mesmo diante de um cenário global marcado por instabilidades geopolíticas, variações nos preços das commodities e oscilações no comércio internacional. Nos onze primeiros meses de 2025, o setor registrou saldo positivo de US$ 21,07 bilhões. Embora o valor seja inferior ao recorde atingido no mesmo período de 2024, quando o estado somou US$ 23,49 bilhões, especialistas avaliam que o desempenho representa o segundo melhor resultado da história do agro paulista e confirma a relevância contínua do estado para a economia nacional.
A capacidade de manutenção do ritmo exportador, mesmo com queda em alguns destinos e mudanças na demanda global, reforça a resiliência de um setor que há anos se consolida como motor econômico do país. O desempenho também evidencia o papel dos complexos produtivos instalados em São Paulo, que apresentam dinâmica de exportação diversificada e forte integração com cadeias internacionais de valor.
A análise do período aponta que, ao longo de 2025, São Paulo manteve uma linha de estabilidade baseada em mercados consolidados, logística eficiente e tradição no agronegócio. Em um ambiente marcado por desafios comerciais, disputas tarifárias e mudanças regulatórias, o estado se posicionou novamente como protagonista nacional, contribuindo de forma decisiva para o saldo brasileiro no comércio exterior.
Complexo sucroalcooleiro segue como principal pilar do superávit paulista
O desempenho das exportações do agronegócio paulista está fortemente associado ao complexo sucroalcooleiro, responsável por 31,3% de tudo o que o setor embarcou no período. O montante movimentado atingiu US$ 8,2 bilhões, reforçando o peso histórico do açúcar e do etanol na balança comercial do estado.
Praticamente todo o valor exportado pelo complexo decorreu do açúcar, que respondeu por 93% dos embarques. O etanol, embora represente fração menor, segue como produto estratégico dentro do portfólio paulista, especialmente por sua conexão com a transição energética e a demanda global por combustíveis renováveis.
De acordo com analistas consultados por órgãos estaduais, o resultado confirma que o açúcar permanece entre os produtos mais competitivos do país, sustentado por produtividade elevada, tecnologia embarcada e capacidade de atender mercados exigentes. Em São Paulo, a agroindústria moderna, distribuída em polos de grande escala, contribui para manter o produto entre os mais relevantes da pauta exportadora.
Carne bovina reforça presença internacional e consolida segundo lugar nas vendas
O segundo setor de maior impacto no superávit do agronegócio paulista foi o de carnes, responsável por 15,2% das exportações do estado. O valor embarcado atingiu US$ 4 bilhões, dos quais 85,1% correspondem à carne bovina in natura e industrializada.
A cadeia da carne, tradicionalmente forte em São Paulo, se beneficia de investimentos contínuos em rastreabilidade, sanidade animal, mecanização e modernização dos frigoríficos. Esses elementos são fundamentais para garantir competitividade em um mercado altamente regulado e sujeito a exigências rigorosas de países importadores.
Especialistas apontam também que a diversificação de destinos tem contribuído para reduzir impactos sazonais e oscilações de demanda, ampliando a estabilidade das exportações e fortalecendo o desempenho da cadeia ao longo do ano.
Produtos florestais, sucos, soja e café complementam a diversificação do agro paulista
Além dos setores mais expressivos, outros complexos produtivos contribuíram para a manutenção do saldo positivo em 2025. O segmento de produtos florestais alcançou US$ 2,7 bilhões, impulsionado por celulose e papel, dois produtos amplamente demandados pela indústria global.
O setor de sucos, tradicionalmente dominado pelo suco de laranja, movimentou US$ 2,6 bilhões. A presença de tecnologias modernas nos polos citrícolas e a forte rede de exportação mantêm São Paulo na liderança absoluta desse mercado.
O complexo soja, embora não ocupe a mesma posição dominante que em outros estados do país, somou US$ 2,2 bilhões e demonstrou desempenho consistente. O valor reflete tanto a exportação do grão quanto de farelo e óleo.
O café, produto emblemático da história paulista e brasileira, movimentou US$ 1,6 bilhão. Mesmo com avanços de outros estados produtores, São Paulo preserva protagonismo em cafés especiais e em cadeias industriais de valor agregado.
Essa diversificação de setores, segundo especialistas da área, garante maior estabilidade ao agronegócio e reduz impactos derivados de sazonalidade, clima, preços internacionais ou disputas comerciais.
China permanece como maior destino do agronegócio paulista
No recorte dos mercados compradores, a China continuou como principal destino das exportações de São Paulo, absorvendo 24,4% dos embarques. A demanda chinesa segue fortemente concentrada em produtos do complexo soja, carnes, açúcar e derivados florestais.
A presença do país asiático como principal parceiro comercial já se consolidou ao longo dos últimos anos, e a tendência é que continue devido à escala populacional, ao peso da indústria local e à dependência de commodities agrícolas importadas.
A União Europeia foi o segundo maior destino, com 14,3% de participação. O bloco permanece como uma das regiões mais exigentes em termos de padrões sanitários e certificações, o que reforça a capacidade do agronegócio paulista em atender normas internacionais complexas.
Os Estados Unidos, mesmo com impacto do tarifaço, somaram 11,8% do total, mantendo relevância. A diminuição pontual das exportações, registrada principalmente entre setembro e novembro, foi compensada pelo aumento das vendas para mercados como México, Canadá, Argentina e países europeus.
Desaceleração para os Estados Unidos e expansão para novos mercados
A queda das exportações para os Estados Unidos nos últimos meses chamou atenção de analistas. Lideranças do setor explicam que, até julho, o desempenho para esse destino era bastante positivo. Agosto manteve o ritmo, mas a partir de setembro houve desaceleração mais intensa.
A retração, entretanto, não comprometeu o desempenho total do estado, porque novos mercados intensificaram suas compras de produtos paulistas. Entre os principais compradores que ampliaram participação estão China, México, Canadá, Argentina e União Europeia.
Essa diversificação também demonstra a capacidade de São Paulo em reposicionar suas exportações diante de mudanças no cenário internacional. O movimento reforça que o estado tem musculatura para ajustar-se rapidamente às variações externas e evitar perdas significativas no saldo comercial.
São Paulo mantém posição de destaque no agro nacional
No contexto brasileiro, o estado continua ocupando papel protagonista. Em 2025, São Paulo respondeu por 17% das exportações brasileiras do agronegócio, ficando na segunda posição do ranking nacional. A liderança permanece com Mato Grosso, com 17,3%.
Para especialistas, o desempenho de São Paulo é ainda mais expressivo quando se considera que o estado não lidera em produção de soja, milho ou algodão, commodities que impulsionam o Mato Grosso. Em vez disso, a força paulista está em cadeias mais diversificadas e com alto valor agregado, como açúcar, suco de laranja, carne bovina industrializada, celulose e café.
Essa característica estrutural permite ao estado mitigar os efeitos de oscilações pontuais e manter competitividade elevada mesmo em cenários internacionais adversos.
O peso dos dados e o papel da análise técnica no desempenho do agronegócio
A Apta, entidade responsável por analisar e compilar informações do sistema Comexstat e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, aponta que os números demonstram crescimento sustentável praticamente ininterrupto do setor ao longo da década. Para os analistas, o agronegócio paulista se beneficia de infraestrutura logística madura, alta tecnologia aplicada ao campo e forte presença industrial.
A interpretação dos dados reforça que o desempenho do estado, mesmo aquém do recorde registrado em 2024, permanece acima da média histórica e consolida uma tendência de longo prazo. A avaliação técnica indica que, mantidas as condições atuais, São Paulo continuará entre os maiores exportadores do agronegócio nacional.
Perspectivas para 2026 e desafios futuros
As projeções para o próximo ano indicam continuidade da relevância do superávit do agronegócio paulista, ainda que fatores como mudanças climáticas, custos logísticos e tensões comerciais internacionais possam influenciar o ritmo das exportações.
Expectativas positivas recaem sobre setores já consolidados, como açúcar e suco de laranja, enquanto mercados emergentes podem ampliar demanda por produtos de valor agregado, especialmente alimentos processados e produtos ligados à sustentabilidade ambiental.
Especialistas reforçam que o agronegócio paulista reúne atributos essenciais para responder a esses desafios: tecnologia avançada, cadeias integradas e capacidade de adaptação rápida. Esses elementos sustentam o otimismo do setor e embasam projeções robustas para os próximos anos.






