Sabatina de Jorge Messias acirra crise entre Planalto e Senado e testa limites entre os Poderes
A disputa política em torno da sabatina de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF) deixou de ser apenas uma etapa do rito constitucional e se transformou em um dos principais focos de tensão entre o Palácio do Planalto e o Senado. A indicação do advogado-geral da União para a vaga aberta com a saída de Luís Roberto Barroso desencadeou um embate direto entre o governo e o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), que passou a cobrar publicamente o Executivo e a defender a prerrogativa exclusiva da Casa na definição de datas e procedimentos da análise.
A crise ganhou novo capítulo quando Alcolumbre, também presidente do Senado, criticou a demora do Planalto no envio da mensagem formal com a indicação de Messias, sugerindo que havia uma tentativa de interferência indevida no cronograma já estabelecido. Mesmo sem ter recebido o ofício com toda a documentação, ele decidiu marcar a sabatina de Jorge Messias para 10 de dezembro, baseando-se apenas na publicação da indicação no Diário Oficial da União. O gesto, inédito na história recente, elevou a temperatura institucional e expôs divergências sobre a forma como o governo tem conduzido negociações com o Legislativo.
Ao mesmo tempo, o Planalto, por meio de declarações da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, tenta minimizar o conflito e reafirmar respeito ao presidente do Senado. Nos bastidores, porém, o clima é de desconfiança, silêncio calculado e articulações discretas, enquanto a sabatina de Jorge Messias se aproxima e passa a ser vista como termômetro da relação entre os Poderes e da capacidade do governo em formar maioria para aprovar seu indicado ao STF.
Crise entre Planalto e Senado se agrava com a sabatina de Jorge Messias
O ponto central da crise está justamente na condução da sabatina de Jorge Messias na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Ao afirmar que o atraso da mensagem presidencial “parece buscar intervir indevidamente” no cronograma da Casa, Alcolumbre deu um recado direto ao Executivo e reforçou a narrativa de que o Senado não aceitará tutelas ou manobras de protelação.
Em nota oficial, a Casa reiterou que o calendário da sabatina de Jorge Messias é coerente com o histórico de indicações anteriores ao Supremo e que a definição ainda em 2025 evita prolongar indefinições que, em outros momentos, foram alvo de críticas públicas. Na prática, o Senado buscou defender seu espaço institucional e sinalizar que não aceitará ser responsabilizado por eventual atraso no processo.
Ao amarrar a data da sabatina de Jorge Messias à publicação no Diário Oficial, o presidente do Congresso reforçou a interpretação de que basta a formalização pública da indicação para dar seguimento ao rito, ainda que a documentação completa não tenha sido recebida. É um movimento que frustra a estratégia ventilada no Planalto de segurar o envio de papéis como forma de ganhar tempo em meio às resistências políticas.
O que está em jogo na sabatina de Jorge Messias
Por trás da sabatina de Jorge Messias, estão questões que vão muito além do histórico do indicado ou de sua capacidade técnica para ocupar uma cadeira no STF. A análise do nome do atual advogado-geral da União tornou-se palco de disputas internas no Senado, de divergências dentro da base aliada e de insatisfação de lideranças que se sentiram preteridas.
Davi Alcolumbre, segundo relatos de bastidor, preferia ver o senador Rodrigo Pacheco como escolhido para a vaga no Supremo. A decisão do presidente da República em formalizar a indicação de Messias teria frustrado expectativas de parte do Senado, especialmente de quem imaginava que um parlamentar com longa trajetória na Casa pudesse ser contemplado. A própria recusa de Alcolumbre em receber Messias em audiências nas últimas semanas passou a ser interpretada como símbolo dessa resistência.
A sabatina de Jorge Messias também se conecta a cálculos eleitorais e à disputa por influência sobre o Judiciário. O Planalto espera que a aprovação do AGU ao Supremo consolide um perfil alinhado às pautas do governo e dialogue com segmentos evangélicos, diante da trajetória de Messias nesse grupo. Já opositores alegam que há um componente de “cálculo eleitoral” na escolha e questionam se o Senado deve se submeter a esse tipo de estratégia.
Cronograma da sabatina de Jorge Messias e reação do Senado
Ao confirmar a sabatina de Jorge Messias para 10 de dezembro, a Presidência do Senado reafirmou que o cronograma montado para análise da indicação segue um padrão histórico e busca evitar protelações. O relatório do senador Weverton Rocha (PDT-MA) está previsto para ser apresentado nos primeiros dias de dezembro, com divulgação oficial no dia 3, respeitando prazos internos da CCJ.
O gesto de marcar a sabatina de Jorge Messias mesmo sem o envio completo da mensagem da Casa Civil foi lido como recado duplo. Para dentro do Senado, a sinalização é de firmeza institucional, mostrando que a Casa não ficará à mercê de estratégias de bastidor. Para o Planalto, é um aviso de que manobras para adiar o processo terão custo político.
Ao enfatizar que “nenhum Poder deve se julgar acima do outro” e que tentativas de desmoralizar o Legislativo com acusações de fisiologismo são ofensivas a todo o Parlamento, Alcolumbre buscou blindar a sabatina de Jorge Messias de insinuações de negociação baseada em cargos e emendas. A fala tensiona a relação com setores do Executivo, mas também busca preservar a imagem do Senado diante da opinião pública.
Resposta do Planalto e tentativa de descompressão
A reação do governo veio em tom formal. A ministra Gleisi Hoffmann declarou que o Executivo tem “o mais alto respeito” pelo presidente do Senado e afirmou que o Planalto não considera rebaixar a relação institucional com insinuações de fisiologismo. A mensagem busca reduzir a impressão de confronto direto, sem, no entanto, alterar a realidade das divergências de fundo.
Nos bastidores, auxiliares do governo admitem preocupação com o ambiente político que envolve a sabatina de Jorge Messias. O clima de silêncio entre líderes de grandes bancadas, que evitam declarações públicas em defesa ou contra o indicado, é visto como sinal de prudência, mas também de insegurança. Ainda não há certeza sobre o tamanho exato da base disposta a apoiar Messias na votação em plenário.
Enquanto isso, o próprio indicado intensifica sua agenda de conversas com senadores, em uma espécie de peregrinação silenciosa pelos gabinetes. A sabatina de Jorge Messias é tratada como ponto de chegada de um processo que já está em curso, marcado por reuniões individuais, sondagens discretas e avaliação de resistências.
Silêncio estratégico e bastidores no Congresso
Desde o anúncio oficial da indicação, líderes e integrantes de bancadas importantes adotaram um silêncio calculado. Publicamente, evitam se posicionar sobre a sabatina de Jorge Messias para não tensionar ainda mais a relação com o presidente do Senado. Nos bastidores, no entanto, avaliam riscos e benefícios de apoiar ou não o nome enviado pelo Planalto.
O próprio comportamento de Alcolumbre é monitorado de perto. A recusa em receber Messias em encontros recentes foi interpretada como sinal de desconforto e de indisposição com a indicação feita pelo Executivo. O AGU, por sua vez, tenta reduzir esse distanciamento e já pediu nova reunião com o presidente do Congresso, na tentativa de construir um mínimo de convergência antes da data marcada para a sabatina de Jorge Messias.
O movimento de “beija-mão”, como alguns senadores descrevem, segue em ritmo constante. Messias já se reuniu com nomes de diferentes legendas, buscando costurar apoios, ouvir críticas e esclarecer dúvidas quanto à sua atuação na Advocacia-Geral da União. As conversas, porém, ocorrem sob forte reserva, e o silêncio segue como principal indicador da temperatura real do processo.
Resistências à indicação e críticas à trajetória de Messias
Entre os mais críticos à indicação estão integrantes da oposição, como o senador Izalci Lucas (PL-DF). Ele sustenta que Messias chega à sabatina de Jorge Messias em “condição frágil”, relembrando episódios antigos em que o nome do AGU foi associado a tentativas de interferência no Judiciário. Críticas recentes também miram sua atuação em casos ligados a denúncias envolvendo o INSS, com acusações de que a AGU só teria reagido após pressão de comissões parlamentares.
Há, ainda, quem veja na escolha de um nome com perfil evangélico uma tentativa do governo de disputar a base religiosa com adversários políticos. Nesse contexto, a sabatina de Jorge Messias passa a ser lida por parte da oposição como extensão de um embate eleitoral antecipado, e não apenas como etapa técnica de avaliação de currículo e postura constitucional.
Em contraste, senadores com visão mais institucional, como Omar Aziz (PSD-AM), adotam tom moderado. Para esse grupo, a sabatina de Jorge Messias é parte de um rito consolidado, em que cada parlamentar tem o direito de ser ouvido, de conversar com o indicado e de formar sua convicção sem pressões externas. Aziz destaca que o Senado aguarda apenas o trâmite formal da mensagem para seguir com o processo e lembra que as prerrogativas da Presidência da Casa não se sobrepõem à decisão do colegiado.
Papel de Alcolumbre e limites institucionais
O protagonismo de Davi Alcolumbre na condução da sabatina de Jorge Messias recoloca em debate o papel do presidente do Senado nos processos de indicação ao Supremo. Pela tradição, cabe à Presidência definir cronogramas, pautar sessões e articular internamente com líderes partidários. No entanto, a decisão de marcar a sabatina com base apenas na publicação no Diário Oficial, sem o recebimento completo da documentação, rompe com a prática usual e inaugura um precedente.
Ao afirmar que “nenhum Poder deve se julgar acima do outro” e que é ofensivo sugerir que decisões sejam tomadas por “ajustes de interesse fisiológicos”, Alcolumbre busca reforçar a imagem do Senado como instância soberana e independente. A sabatina de Jorge Messias, nesse cenário, é utilizada como vitrine para reafirmar a força do Legislativo e impor limites às tentativas de pressão do Executivo.
Ao mesmo tempo, o presidente do Senado também se move dentro de seus próprios limites. Ainda que tenha influência determinante na definição da data da sabatina de Jorge Messias, não detém sozinho a decisão final sobre a aprovação. Essa ficará nas mãos da maioria qualificada do plenário, após a análise da CCJ.
Próximos passos até a sabatina de Jorge Messias
O calendário já está traçado. O relatório de Weverton Rocha deve ser apresentado, discutido e tornado público antes da sabatina de Jorge Messias, marcada para 10 de dezembro. O texto analisará o currículo do indicado, sua experiência profissional, a atuação na AGU e eventuais pontos de controvérsia levantados por senadores.
Nas próximas semanas, a agenda de Messias deve continuar intensa, com novas rodadas de conversas individuais e encontros informais. A meta do governo é chegar à sabatina de Jorge Messias com um quadro mais claro de apoios e resistências, evitando surpresas negativas em plenário. Já o Senado, por sua vez, busca preservar suas prerrogativas e demonstrar que o processo seguirá parâmetros institucionais, sem ceder a versões de barganha política.
O desfecho terá impacto direto na composição do STF e na correlação de forças entre os Poderes. Uma aprovação tranquila reforçaria o capital político do Planalto e mostraria que, apesar da tensão, governo e Senado são capazes de chegar a um entendimento. Uma votação apertada, ou mesmo uma eventual rejeição, reconfiguraria a leitura do cenário e ampliaria o desgaste da relação entre Executivo e Legislativo.
Sabatina de Jorge Messias como termômetro da relação entre Poderes
Mais do que uma etapa protocolar, a sabatina de Jorge Messias tornou-se um verdadeiro termômetro da relação entre Planalto e Senado. O processo explicita resistências, revela disputas por espaço e expõe a sensibilidade do tema indicações ao STF em um momento de forte polarização política.
Ao mesmo tempo, a forma como a sabatina de Jorge Messias será conduzida servirá como mensagem institucional. Um debate qualificado, com perguntas técnicas, discussão sobre garantias constitucionais e respeito ao rito, reforçará a imagem do Senado como Casa revisora sólida. Já um ambiente dominado por ataques pessoais, discursos voltados exclusivamente à plateia eleitoral e tentativas de deslegitimação mútua ampliará a sensação de crise.
O equilíbrio entre independência, diálogo e responsabilidade institucional é, hoje, o maior desafio colocado diante de senadores, governo e indicado. A maneira como lidarem com a sabatina de Jorge Messias dirá muito sobre o grau de maturidade política do sistema e sobre a disposição dos Poderes em preservar o desenho constitucional da República.






