Ações da Braskem disparam com avanço nas negociações entre Novonor, IG4 Capital e Petrobras
As ações da Braskem voltaram a ocupar o centro das atenções do mercado financeiro nesta quarta-feira, impulsionadas pelo avanço das negociações envolvendo a fatia da Novonor na petroquímica. O movimento reforça a expectativa de que o impasse societário que se arrasta há anos pode finalmente estar perto de um desfecho. Com isso, investidores reagiram de forma imediata, elevando o papel ao topo das maiores altas do Ibovespa e reacendendo o interesse pelos rumos da empresa.
A volatilidade observada desde as primeiras horas do pregão reflete a leitura de que a possível mudança de controle pode alterar de maneira relevante a governança, a estrutura de capital e o futuro operacional da companhia. A projeção mais disseminada entre analistas é que este seja o início de um novo ciclo para a petroquímica, caso as tratativas evoluam conforme o previsto entre Novonor, IG4 Capital e Petrobras.
Expectativa de acordo impulsiona ações da Braskem
O movimento de alta nas ações da Braskem ganhou força após informações de bastidores indicarem que os últimos entraves entre a Novonor e a IG4 Capital estariam superados. Fontes do mercado apontam que o acordo para transferência da fatia societária pode ser assinado já na próxima semana, abrindo espaço para uma reorganização de poder dentro da companhia.
A expectativa envolve também um entendimento simultâneo entre IG4 e Petrobras. A estatal, que já é acionista relevante, teria sua influência ampliada em um eventual acordo de acionistas, assumindo maior capacidade de intervenção na gestão e no planejamento estratégico da petroquímica. Para parte dos investidores, esse rearranjo pode reduzir incertezas que historicamente pesaram sobre o desempenho das ações da Braskem.
Um dos pontos considerados essenciais para o apetite dos investidores é a possível centralização da governança sob uma estrutura mais previsível. Nos últimos anos, a presença da Novonor — antiga Odebrecht — como acionista majoritária foi marcada por crises reputacionais e sucessivas dificuldades financeiras, muitas delas herdadas de processos relacionados a escândalos de corrupção do passado.
A relação entre dívida da Novonor e o destino da Braskem
A possível transição do controle societário não trata apenas de governança. Envolve também um componente decisivo: a dívida da Novonor, que ultrapassa R$ 20 bilhões. Boa parte desse valor tem como garantia justamente as ações detidas pelo grupo na Braskem. A IG4 Capital representa os bancos credores — entre eles Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e BNDES — e busca uma solução que permita reduzir riscos e recuperar parte dos valores emprestados.
A operação inicialmente negociada prevê que a IG4 assuma obrigações financeiras da Novonor e, em contrapartida, fique com a fatia societária dada como garantia. Esse rearranjo permitiria ao mercado visualizar uma Braskem com estrutura societária estabilizada, fator considerado essencial para a valorização contínua das ações da Braskem.
Desde agosto, quando as primeiras informações sobre exclusividade nas negociações vieram à tona, o papel experimentou momentos de forte volatilidade. A alta registrada agora reflete a interpretação de que o processo avança para uma fase decisiva.
Interesse da Petrobras altera cenário estratégico
Além da IG4 Capital, outro ator exerce influência relevante nas negociações: a Petrobras. Detentora de cerca de 36% das ações totais e 47% das ações votantes, a estatal pode se tornar o maior polo de poder dentro da companhia caso o novo acordo de acionistas seja concretizado.
Para o mercado, a ampliação da influência da estatal no processo decisório da Braskem tende a ser positiva, especialmente quando observada sob a lente da estabilidade operacional. A Petrobras conhece profundamente os ativos da Braskem, já compartilhou projetos industriais com a companhia e possui histórico de atuação integrada em setores estratégicos da cadeia petroquímica.
Essa perspectiva melhora a percepção de risco e fortalece a leitura de que as ações da Braskem podem continuar em trajetória de recuperação, caso o processo seja concluído sem rupturas internas.
Braskem: desafios operacionais continuam no radar
Apesar da euforia pontual com as ações da Braskem, a empresa segue enfrentando desafios relevantes, muitos deles relacionados a eventos passados. A situação de Maceió, por exemplo, permanece como um dos maiores passivos ambientais do país. O afundamento do solo no bairro do Mutange, atribuído a atividades de extração de sal-gema, exige da companhia um longo processo de reparações e indenizações, além de reestruturação de operações.
Esse tipo de passivo costuma ser lembrado por investidores mais cautelosos, que enxergam na reestruturação societária uma oportunidade também para que a companhia melhore a comunicação com o mercado e reforce medidas de governança que reduzam riscos jurídicos e ambientais.
Ainda assim, especialistas destacam que, resolvida a disputa acionária, a petroquímica tende a se concentrar em expansão de portfólio, otimização de parques industriais e maior alinhamento a diretrizes ESG — fatores cruciais para a valorização contínua das ações da Braskem no médio e longo prazos.
Dívida bilionária da Novonor e impacto nas negociações
A negociação envolvendo a IG4 Capital e os bancos credores não trata apenas da mudança de controle. Ela é vista como peça-chave da recuperação financeira da Novonor, que luta para reorganizar seus passivos desde a Operação Lava Jato. A dívida original, de R$ 15 bilhões, cresceu para quase R$ 20 bilhões devido a juros, atrasos e dificuldades de liquidez.
Ao transferir as ações da Braskem para a IG4, a Novonor consegue reduzir parte da pressão financeira. Em contrapartida, os bancos credores passam a ter maior segurança jurídica e operacional na gestão do ativo.
Essa reestruturação pode influenciar diretamente o comportamento das ações da Braskem, uma vez que a volatilidade gerada pelos problemas da antiga controladora tende a diminuir. Esse é um dos principais pontos considerados na forte resposta positiva do mercado.
Possível novo ciclo para as ações da Braskem
A consolidação do acordo pode marcar o início de uma nova fase para a petroquímica. A entrada da IG4, somada ao reforço da posição da Petrobras, indica para o mercado uma gestão mais técnica e menos suscetível aos ruídos enfrentados nos últimos anos.
Entre os fatores considerados favoráveis pelos investidores:
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Redução da incerteza societária
O maior motivo de volatilidade das ações da Braskem sempre foi a indefinição sobre quem controlaria a empresa no futuro. -
Potencial reorganização de governança
A IG4 é reconhecida no mercado por executar reestruturações profundas e focar em eficiência operacional. -
Aumento da influência da Petrobras
A estatal pode contribuir com sinergias industriais, experiência no setor e maior previsibilidade de investimentos. -
Melhoria no acesso a crédito
Com nova estrutura, a empresa pode renegociar dívidas e ampliar captações. -
Retomada de projetos estratégicos
Investimentos suspensos podem ser reavaliados.
Com esses elementos em conjunto, analistas avaliam que as ações da Braskem podem experimentar valorização consistente se os acordos forem confirmados.
Expectativas do mercado para os próximos dias
Os próximos passos serão acompanhados com atenção pelo mercado financeiro. A previsão de que o acordo seja assinado na próxima semana cria terreno para mais volatilidade. Caso os anúncios sejam oficialmente confirmados, o papel pode manter a trajetória de alta.
O inverso também é verdadeiro: eventuais atrasos, divergências entre credores ou revisões de última hora podem provocar movimentos bruscos no pregão. Em um cenário de incerteza, investidores costumam reagir rapidamente a qualquer sinal de instabilidade.
Ainda assim, a leitura predominante no mercado é otimista. O entendimento majoritário é que a Braskem possui ativos estratégicos, operações relevantes no Brasil e no exterior e forte posição no setor, o que reforça o potencial de valorização futuro das ações da Braskem.






