BRASÍLIA – Aliados de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso tentam dissociar o ex-presidente dos ataques feitos pelo pastor Silas Malafaia a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no ato deste domingo, 25, em São Paulo. Deputados e senadores de oposição ao governo Lula ressaltam que a maioria dos discursos no trio elétrico montado na Avenida Paulista foi em tom pacífico e dizem que Bolsonaro deu seu recado sem afrontar ninguém.
Bolsonaro convocou a manifestação depois de ter sido um dos alvos da operação Tempus Veritatis (hora da verdade, em latim) da Polícia Federal (PF), no último dia 8, quando teve que entregar seu passaporte às autoridades. A PF apura a participação do ex-presidente em uma articulação para dar um golpe de Estado que impediria a realização das eleições de 2022 ou a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Foi uma manifestação espetacular, pacífica, em que o presidente Bolsonaro conseguiu deixar um recado para todos os seus apoiadores que defendem o conservadorismo no Brasil, colocou parte de tudo o que aconteceu, esclareceu as coisas em um tom pacífico, pedindo a pacificação do País, sem afrontar ninguém”, disse o líder do partido de Bolsonaro na Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ).
Questionado pela reportagem, o deputado negou que as declarações de Malafaia possam prejudicar Bolsonaro. Ao gravar um vídeo no último dia 12 para chamar os apoiadores para a manifestação, o ex-presidente havia dito que queria um movimento “pacífico em defesa do nosso Estado Democrático de Direito.
Bolsonaro também havia pedido que os militantes não carregassem faixas ou cartazes “contra quem quer que seja”, mas apenas fossem ao local vestidos de verde e amarelo. Em atos anteriores na Paulista, durante seu governo, o ex-presidente chegou a atacar verbalmente o STF e seus ministros, como Alexandre de Moraes.
“Eu acho que não. Da boca do presidente (do PL) Valdemar (Costa Neto), que esteve lá 1 hora e meia antes do Bolsonaro e falou 20 segundos, ele deu um recado de agradecimento… o governador Tarcísio (de Freitas) foi também super tranquilo, colocando a história de feitos do Bolsonaro. O Bolsonaro em uma fala pacífica. O pastor Silas, realmente, citou situações do STF, mostrou uma indignação, mas fez relatos sobre vários fatos da história”, emendou Altineu Côrtes.
Na avaliação do líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), a consequência do ato de hoje é um recado de “alto lá” dado pela “multidão” na Paulista. “É um recado para o governo, para aqueles que perseguem a direita, para aqueles que não suportam o debate, que não têm capacidade para entender o movimento popular”, disse ao Broadcast Político.
Portinho afirmou que Malafaia apenas repetiu falas de outras pessoas. Nas redes sociais, o senador Ciro Nogueira (PI), que preside o PP e foi ministro da Casa Civil de Bolsonaro, também tratou de blindar o ex-presidente. Ao ser questionado sobre os ataques de Malafaia, o parlamentar enviou a mensagem que havia publicado no X (antigo Twitter).
“É preciso deixar claro, bem claro, absolutamente claro, que o povo foi à Paulista para ouvir e ver o presidente Bolsonaro. Qualquer outra palavra na grande festa da democracia que não seja dele, são palavras, mas não dele. Bolsonaro só um”, escreveu Ciro Nogueira. Para ele, o ato deste domingo “fortalece muito” o ex-presidente.
Organizador do ato na Paulista, Malafaia afirmou que há uma “engenharia do mal” para prender Bolsonaro. No trio elétrico, em São Paulo, o religioso também criticou pessoalmente o presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, e o ministro da Corte Alexandre de Moraes.
Malafaia começou o discurso dizendo que não estava ali para atacar o STF. “Quando você ataca uma instituição, você é contra a República e o estado democrático direito”, afirmou. Ao longo da fala, contudo, fez uma série de críticas