Pix ganha novo sistema de devolução e fortalece proteção contra fraudes: veja como funciona a recuperação do dinheiro
O sistema financeiro brasileiro iniciou uma nova fase no combate a golpes digitais com a ampliação do mecanismo que permite a devolução do Pix em caso de fraude, medida que começou a valer em outubro de 2025 e representa o maior avanço já registrado desde a criação do meio de pagamentos instantâneos. A atualização promovida pelo Banco Central (BC) aperfeiçoa o Mecanismo Especial de Devolução (MED) e amplia a capacidade de rastreio e bloqueio de valores desviados, mesmo quando já tenham sido transferidos para contas intermediárias, inclusive de terceiros.
A mudança traz respostas a um problema que cresceu com a popularização do Pix: o escoamento imediato dos recursos para contas laranjas, dificultando a localização do dinheiro e reduzindo as chances de restituição às vítimas. A partir de agora, o MED passa a seguir o fluxo completo da transação, criando barreiras adicionais contra as fraudes que se multiplicaram nos últimos anos.
O BC prevê que a nova etapa estará totalmente integrada às instituições financeiras até fevereiro de 2026, quando a funcionalidade se tornará obrigatória. Até lá, os bancos podem aderir à novidade de forma facultativa, mas a adoção massiva já está em avanço.
Entenda o que muda com o novo modelo
A devolução do Pix em caso de fraude passa a seguir um procedimento mais rigoroso e eficaz. Antes, o sistema só conseguia reter valores se ainda estivessem na conta de destino original. Se o golpista transferisse imediatamente para outras contas, a recuperação tornava-se quase impossível. Com a ampliação da estrutura de rastreabilidade, o MED agora pode acompanhar o caminho completo do dinheiro.
O aprimoramento foi motivado pelo aumento significativo de golpes envolvendo o Pix. Dados recentes do próprio Banco Central indicam que as tentativas de fraude cresceram mais de 60% entre 2023 e 2024, impulsionadas por falsos atendentes, links fraudulentos, QR Codes adulterados e abordagens via aplicativos de mensagens.
O rastreamento mais profundo permitirá identificar o repasse para contas de terceiros, bloqueando os valores automaticamente e sinalizando eventuais tentativas de reutilização desses perfis em novos crimes.
Canal de contestação nos aplicativos fica obrigatório
Desde 1º de outubro de 2025, os usuários passaram a contar com um canal próprio de contestação dentro dos aplicativos bancários. Toda instituição que opera com Pix deve manter, na área destinada ao serviço, a opção “Contestar transação”, o que coloca a vítima em contato direto com o mecanismo de devolução.
A medida simplifica a etapa mais sensível após um golpe: o tempo de reação. Quanto mais rápido o usuário notificar, maiores as chances de sucesso na devolução do Pix em caso de fraude. O canal dispensa atendimento humano inicial e aciona automaticamente os sistemas de segurança compartilhados entre bancos e o BC.
Assim que o cliente aciona o processo no aplicativo, o sistema inicia uma triagem automatizada. Identificando indícios de fraude, o valor é bloqueado preventivamente. Se a irregularidade for confirmada, a devolução ocorre em até 11 dias corridos. O prazo foi definido para permitir a conclusão das verificações, o rastreamento e o bloqueio dos valores.
Por que a atualização era urgente
A velocidade das transferências do Pix tornou-se arma para golpes cada vez mais sofisticados. O escoamento imediato para contas laranjas era uma das principais brechas enfrentadas pelo sistema.
A versão ampliada do MED responde justamente a essa vulnerabilidade. Com o rastreamento completo, o sistema dificulta a atuação dos golpistas e reduz a vantagem operacional que obtinham com a rapidez das transações. A expectativa do BC é de queda expressiva nas ocorrências de fraude a partir de 2026.
A devolução do Pix em caso de fraude também reforça a confiança do público no meio de pagamento, hoje o principal instrumento de transação entre brasileiros. Manter a credibilidade do sistema tornou-se prioridade diante da expansão contínua do Pix para diferentes modelos de serviços, como Pix parcelado, recorrente e automatizado.
Como funciona o MED após a atualização
O Mecanismo Especial de Devolução foi criado em 2021 para cobrir casos de fraude comprovada ou erro operacional das instituições. Com a atualização de 2025, passa a funcionar da seguinte forma:
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A vítima identifica uma transação suspeita.
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Acessa o aplicativo do banco e, na área Pix, seleciona “Contestar transação”.
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Um processo automatizado investiga a operação.
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Identificando fraude, os valores são bloqueados imediatamente, em qualquer conta intermediária.
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Após a confirmação, a devolução do Pix em caso de fraude é finalizada e os valores retornam ao cliente.
A atualização estende a capacidade de rastreamento para contas sucessivas. Isso impede que golpistas transfiram os recursos rapidamente para escapar do sistema de bloqueio. Nos bastidores, bancos e fintechs passam a compartilhar um volume maior de informações em tempo real, permitindo maior eficiência na análise das transações.
Quando a devolução é permitida
A devolução do Pix em caso de fraude funciona nos seguintes cenários:
– Fraude comprovada;
– Estelionato digital;
– Acessos indevidos;
– Erros operacionais das instituições.
Por outro lado, o MED não cobre:
– Erro de digitação da chave pelo usuário;
– Conflitos comerciais entre comprador e vendedor;
– Disputas entre pessoas físicas de boa-fé.
Nesses casos, a solução depende de negociação entre as partes ou ação judicial.
Impactos esperados para bancos e fintechs
As instituições financeiras terão de realizar ajustes importantes para operar o MED de forma integral até fevereiro de 2026. Entre as exigências estão:
– implementação de sistemas de rastreamento avançados;
– integração com a base de dados do BC;
– criação e manutenção do canal de contestação;
– padronização dos procedimentos de análise de fraude;
– treinamento de equipes internas para atuação com a nova ferramenta.
O BC prevê que esses ajustes diminuam a incidência de contas usadas como intermediárias em golpes. A intenção é identificar perfis reincidentes e bloquear seu uso para operações suspeitas.
Orientações essenciais para os consumidores
A primeira recomendação é agir rapidamente. Mesmo com o aumento da precisão do MED, o tempo entre a descoberta da fraude e a contestação é determinante para a devolução do Pix em caso de fraude. O bloqueio preventivo depende dessa etapa.
O usuário deve:
– acessar o app do banco;
– entrar na área do Pix;
– selecionar “Contestar transação”;
– acompanhar o processo pelo aplicativo.
Se a devolução não ocorrer, o consumidor pode buscar reparação judicial. Defensoria Pública e advogados especializados podem auxiliar na análise do caso.
Golpes mais comuns: como se proteger
O avanço dos mecanismos de defesa não elimina a necessidade de cuidados básicos dos usuários. Entre os golpes mais recorrentes estão:
– perfis falsos em redes sociais;
– falsas centrais de atendimento;
– links fraudulentos;
– QR Codes adulterados;
– pedidos de pagamento urgente;
– ofertas de empréstimo com adiantamento.
Medidas simples reduzem drasticamente o risco de fraude:
– nunca compartilhe senhas ou códigos;
– habilite a verificação em duas etapas;
– desconfie de pedidos de pagamento inesperados;
– verifique a autenticidade das páginas;
– limite valores do Pix no aplicativo.
O que muda a partir de fevereiro de 2026
A partir de 2 de fevereiro de 2026, todas as instituições serão obrigadas a operar na nova estrutura do MED. Não haverá exceções. A exigência vale para bancos, fintechs, cooperativas, instituições de pagamento e carteiras digitais credenciadas ao Pix.
O BC acredita que a ampliação e a obrigatoriedade tornarão o sistema mais seguro, reduzindo a circulação de recursos ilícitos e dificultando a atuação de organizações criminosas que utilizam o Pix para movimentação rápida de valores.






