segunda-feira, 29 de dezembro de 2025
contato@gazetamercantil.com
GAZETA MERCANTIL
Sem resultados
Todos os resultados
GAZETA MERCANTIL
Sem resultados
Todos os resultados
GAZETA MERCANTIL
Sem resultados
Todos os resultados
Home Business

Fundo do BB investe R$ 400 milhões em terras raras no Brasil

por Redação
02/12/2025
em Business, Brasil, Destaque, News
Fundo Do Bb Investe R$ 400 Milhões Em Terras Raras No Brasil - Gazeta Mercantil

Fundo do BB aposta R$ 400 milhões para destravar o potencial brasileiro em terras raras

O movimento mais recente do sistema financeiro em direção à nova geopolítica dos recursos naturais veio do Banco do Brasil. Por meio da BB Asset, em parceria com a gestora JGP, foi lançado o fundo BB Ore Régia Minerais Críticos, um veículo de private equity voltado a projetos ligados a minerais estratégicos e, em especial, às terras raras, insumo cada vez mais decisivo para a indústria tecnológica, para a transição energética e para a defesa nacional.

Com uma meta de captação de R$ 400 milhões e reservas de cotas abertas até 19 de dezembro, o fundo mira investidores qualificados, com patrimônio financeiro superior a R$ 1 milhão. A proposta é clara: combinar capital de longo prazo com a capacidade técnica de destravar projetos que hoje estão parados, mas que têm potencial para colocar o Brasil no mapa global das terras raras e de outros minerais críticos, como lítio, grafite, nióbio e tungstênio.

Em um momento em que países disputam cadeias de suprimento de alto valor agregado e buscam reduzir a dependência da China, a iniciativa da BB Asset e da JGP sinaliza que o mercado de capitais brasileiro começa a enxergar as terras raras não apenas como tema geológico ou diplomático, mas como um eixo central de estratégia econômica.


Terras raras deixam o jargão técnico e entram no radar financeiro

Durante muito tempo, as terras raras foram assunto restrito a relatórios de geologia, papers acadêmicos e mesas de negociação entre governos e grandes mineradoras. A expressão ganhou certa notoriedade quando os Estados Unidos demonstraram preocupação explícita com a concentração da cadeia produtiva desses elementos em território chinês. A partir daí, as terras raras passaram a simbolizar, ao mesmo tempo, vulnerabilidade e oportunidade.

No Brasil, esse debate sempre esbarrou em um paradoxo: o país figura entre as maiores reservas conhecidas de terras raras do mundo, mas ainda explora muito pouco desse potencial. Apenas cerca de 27% do território nacional está mapeado em profundidade, o que significa que há uma vasta porção de recursos minerais literalmente enterrada. Na prática, isso se traduz em projetos incipientes, licenças travadas, dúvidas regulatórias e escassez de capital disposto a esperar ciclos longos.

O fundo BB Ore Régia Minerais Críticos nasce justamente nesse ponto de interseção entre oportunidade geológica e gargalo financeiro. A leitura dos gestores é de que as terras raras e demais minerais críticos se tornaram ativos estratégicos demais para permanecerem sem o empurrão de capital qualificado e especializado.


Como o fundo pretende destravar projetos de terras raras

O desenho do fundo segue a lógica típica de veículos de private equity, mas com uma aplicação específica no universo dos minerais críticos. A tese central é simples de enunciar e complexa de executar: identificar projetos de terras raras e minerais críticos com bom potencial econômico, mas que estejam travados por algum tipo de entrave — regulatório, ambiental, técnico ou de governança — e, a partir daí, usar capital e know-how para transformá-los em ativos viáveis.

Na prática, o fundo pode, por exemplo, entrar em um projeto de lítio ou de terras raras que não conseguiu avançar por ausência de licença ambiental, dificuldade de financiamento ou insegurança jurídica. Compra uma participação com desconto, justamente porque o risco afastou outros investidores, e passa a atuar em várias frentes ao mesmo tempo: diálogo com órgãos ambientais, reforço da equipe técnica, ajustes de governança e melhoria de padrões socioambientais.

Se o plano se concretiza, um ativo considerado problema passa a ser visto como oportunidade por grandes mineradoras globais, interessadas em ampliar exposição a terras raras e minerais críticos sem ter de enfrentar desde o início todo o ciclo de desenvolvimento. É nesse momento que o fundo captura valor, revendendo a participação a múltiplos superiores ao valor de entrada.

Essa capacidade de transformar risco em valor é o núcleo da estratégia. É também o que justifica a meta de retorno ambiciosa: o fundo mira uma rentabilidade de IPCA + 25% ao ano, patamar compatível com o risco elevado inerente a projetos de terras raras, mineração e ciclos longos.


Estrutura de longo prazo e perfil do investidor

O BB Ore Régia Minerais Críticos foi concebido para um horizonte de dez anos, com quatro anos de lock-up, o que significa que os investidores que entrarem precisam aceitar que o capital ficará imobilizado por um período prolongado. Em um país acostumado a prazos curtos e liquidez diária, a proposta é direcionada a um público específico: investidores qualificados que enxergam as terras raras e os minerais críticos como uma tese de longo prazo, com potencial de multiplicar capital em um ciclo mais lento, porém estruturante.

Além de suportar a volatilidade natural do setor de mineração, esse investidor precisa compreender o caráter estratégico de ativos como terras raras. Trata-se de um segmento diretamente ligado à produção de motores elétricos, baterias, turbinas eólicas, equipamentos eletrônicos, radares e armamentos de ponta. A demanda por esses elementos tende a crescer em linha com a transição energética global, a eletrificação da frota e o avanço da indústria de alta tecnologia.

Nesse contexto, o fundo se posiciona como um instrumento para capturar uma fração desse movimento, conectando o capital brasileiro ao ciclo global das terras raras e de outros minerais que já são classificados por grandes potências como “críticos” para sua segurança nacional.


Brasil: gigante das terras raras ainda em busca de protagonismo

Os dados disponíveis indicam que o Brasil detém a segunda maior reserva conhecida de terras raras do planeta, com cerca de 21 milhões de toneladas. A lista de minerais estratégicos inclui ainda lítio, grafite, nióbio e tungstênio, todos eles com aplicação direta em setores industriais intensivos em tecnologia.

O problema é que esse potencial ainda não se converteu em protagonismo. Falta mapeamento geológico mais abrangente, há incertezas regulatórias, o licenciamento ambiental é complexo e o capital de risco não costuma ter apetite por prazos longos e projetos sujeitos a múltiplas variáveis.

É nesse cenário que um veículo dedicado a terras raras e minerais críticos ganha relevância. Ao direcionar R$ 400 milhões para destravar projetos, o fundo tenta ocupar um espaço que muitas vezes não é preenchido nem pelo crédito tradicional, nem por investidores de perfil puramente financeiro, nem pelos próprios players industriais, que preferem ativos já maduros ou em estágio avançado.

Se bem-sucedida, a iniciativa pode funcionar como catalisador, gerando uma sequência de casos de sucesso que por sua vez atraiam mais capital para a cadeia das terras raras e da mineração de alto valor agregado.


Geopolítica, transição energética e reposicionamento do Brasil

A valorização das terras raras não é um fenômeno isolado, mas parte de um redesenho mais amplo da economia global. A transição para energias limpas, a eletrificação do transporte e a digitalização da indústria aumentaram a dependência de materiais específicos, cujas cadeias de suprimento são concentradas em poucos países.

A China domina hoje algo em torno de 70% da capacidade de refino de terras raras no mundo. Isso dá ao país não apenas uma vantagem econômica, mas também um instrumento de influência geopolítica. Outros atores, como Estados Unidos, União Europeia, Japão e Coreia do Sul, passaram a buscar alternativas para reduzir essa dependência, seja por meio de novas minas, reciclagem, inovação tecnológica ou acordos estratégicos.

O Brasil, com sua base mineral, tem a chance de ocupar uma posição relevante nessa reconfiguração, desde que consiga superar entraves internos e criar condições para que projetos de terras raras sejam economicamente viáveis, ambientalmente responsáveis e socialmente sustentáveis. A entrada do sistema financeiro nesse debate, por meio de instrumentos como o fundo BB Ore Régia Minerais Críticos, é um passo na direção de transformar potencial em política de desenvolvimento.


Risco, retorno e responsabilidade em projetos de minerais críticos

Investir em terras raras e minerais críticos significa lidar com uma equação delicada. São projetos intensivos em capital, de maturação lenta, sensíveis ao ciclo de commodities e altamente expostos a exigências ambientais e sociais. A promessa de retorno de IPCA + 25% ao ano reflete a percepção de que, para atrair investidores qualificados, é preciso oferecer uma recompensa à altura dos riscos assumidos.

Ao mesmo tempo, aumentam as pressões por práticas de mineração responsáveis. O licenciamento de projetos envolvendo terras raras é particularmente sensível, já que muitos processos de extração e refino utilizam reagentes químicos e geram resíduos que exigem tratamento adequado. A atuação de um fundo profissionalizado, com equipes técnicas e ambientais, pode ajudar a elevar o padrão dos projetos, criando referências positivas para o setor.

O desafio é transformar a busca por retorno financeiro em vetor de modernização, e não em combustível para práticas predatórias. Se a tese do fundo for bem conduzida, o investimento em terras raras poderá se alinhar a uma agenda mais ampla de transição energética, inovação industrial e geração de empregos qualificados.


O que está em jogo para o futuro das terras raras no Brasil

O lançamento do fundo BB Ore Régia Minerais Críticos marca um momento simbólico na relação entre mercado de capitais e recursos naturais estratégicos. Ao colocar as terras raras no centro de uma tese de investimento, o sistema financeiro reconhece que esses elementos deixaram definitivamente o campo do jargão técnico e entraram na agenda de desenvolvimento.

Para o Brasil, o desfecho dessa iniciativa pode indicar o rumo do país em relação à sua própria riqueza mineral. Um cenário em que projetos de terras raras se multiplicam, com governança sólida e respeito ambiental, pode reposicionar o país nas cadeias globais de valor. O oposto — a manutenção da inércia e de entraves históricos — significaria assistir de longe a um jogo em que outros países tomam a dianteira.

O fundo não resolve sozinho os desafios estruturais, mas funciona como sinal de que há capital disposto a apostar em uma agenda de longo prazo, ancorada em terras raras, minerais críticos e inovação na mineração. Em um ambiente de incertezas econômicas e disputas geopolíticas, essa combinação pode se provar decisiva.

Tags: bb asset mineraçãobb ore régiafundo de terras rarasinvestimentos em terras rarasminerais críticosprivate equity minerais críticosterras raras no Brasil

LEIA MAIS

Pesquisa Surpreende E Mostra Que Petistas Podem Ser De Direita E Bolsonaristas, De Esquerda - Gazeta Mercantil Fundada Em 1920
Política

Pesquisa surpreende e mostra que petistas podem ser de direita e bolsonaristas, de esquerda

Datafolha revela petistas de direita e bolsonaristas de esquerda e expõe contradições ideológicas no eleitorado brasileiro A mais recente pesquisa do Datafolha trouxe à tona um retrato revelador...

MaisDetails
Ceo Da Abbc Defende Independência Técnica Do Banco Central Após Liquidação De Banco - Gazeta Mercantil
Economia

CEO da ABBC defende independência técnica do Banco Central após liquidação de banco

CEO da ABBC defende independência técnica do Banco Central e alerta para riscos à estabilidade financeira A defesa da independência técnica do Banco Central voltou ao centro do...

MaisDetails
Stf Mantém Prisão Domiciliar Da Trama Golpista Após Novas Tentativas De Fuga - Gazeta Mercantil
Política

STF mantém prisão domiciliar da trama golpista após novas tentativas de fuga

STF mantém prisão domiciliar de réus da trama golpista e endurece resposta após tentativas de fuga A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter a prisão domiciliar...

MaisDetails
Lula Lidera No 1º Turno Em 2026 Em Todos Os Cenários, Aponta Paraná Pesquisas - Gazeta Mercantil
Política

Lula lidera no 1º turno em 2026 em todos os cenários, aponta Paraná Pesquisas

Lula lidera no 1º turno em todos os cenários e consolida favoritismo para 2026, aponta Paraná Pesquisas O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece na liderança das...

MaisDetails
Sem Bolsonaro, Flávio Bolsonaro Lidera A Preferência Do Eleitorado De Direita Em 2026 - Gazeta Mercantil
Política

Sem Bolsonaro, Flávio Bolsonaro lidera a preferência do eleitorado de direita em 2026

Sem Bolsonaro, Flávio lidera preferência do eleitorado de direita em 2026 A ausência de Jair Bolsonaro do cenário eleitoral de 2026, motivada por sua inelegibilidade e pela prisão...

MaisDetails
PUBLICIDADE

GAZETA MERCANTIL

Pesquisa Surpreende E Mostra Que Petistas Podem Ser De Direita E Bolsonaristas, De Esquerda - Gazeta Mercantil Fundada Em 1920
Política

Pesquisa surpreende e mostra que petistas podem ser de direita e bolsonaristas, de esquerda

Ceo Da Abbc Defende Independência Técnica Do Banco Central Após Liquidação De Banco - Gazeta Mercantil
Economia

CEO da ABBC defende independência técnica do Banco Central após liquidação de banco

Stf Mantém Prisão Domiciliar Da Trama Golpista Após Novas Tentativas De Fuga - Gazeta Mercantil
Política

STF mantém prisão domiciliar da trama golpista após novas tentativas de fuga

Lula Lidera No 1º Turno Em 2026 Em Todos Os Cenários, Aponta Paraná Pesquisas - Gazeta Mercantil
Política

Lula lidera no 1º turno em 2026 em todos os cenários, aponta Paraná Pesquisas

Sem Bolsonaro, Flávio Bolsonaro Lidera A Preferência Do Eleitorado De Direita Em 2026 - Gazeta Mercantil
Política

Sem Bolsonaro, Flávio Bolsonaro lidera a preferência do eleitorado de direita em 2026

Quem É Silvinei Vasques: Ex-Diretor Da Prf Condenado Por Trama Golpista E Preso No Paraguai - Gazeta Mercantil
Política

Quem é Silvinei Vasques: ex-diretor da PRF condenado por trama golpista e preso no Paraguai

EDITORIAS

  • Brasil
  • Business
  • Cultura & Lazer
  • Economia
    • Criptomoedas
    • Dólar
    • Fundos Imobiliários
    • Ibovespa
  • Esportes
  • Lifestyle
    • Veículos
    • Moda
    • Viagens
  • Mundo
  • News
  • Política
  • Saúde
  • Tecnologia
  • Trabalho
  • Anuncie Conosco
Gazeta Mercantil Logo White

contato@gazetamercantil.com

EDITORIAS

  • Brasil
  • Business
  • Cultura & Lazer
  • Economia
    • Criptomoedas
    • Dólar
    • Fundos Imobiliários
    • Ibovespa
  • Esportes
  • Lifestyle
    • Veículos
    • Moda
    • Viagens
  • Mundo
  • News
  • Política
  • Saúde
  • Tecnologia
  • Trabalho
  • Anuncie Conosco

Veja Também:

  • Pesquisa surpreende e mostra que petistas podem ser de direita e bolsonaristas, de esquerda
  • CEO da ABBC defende independência técnica do Banco Central após liquidação de banco
  • STF mantém prisão domiciliar da trama golpista após novas tentativas de fuga
  • Lula lidera no 1º turno em 2026 em todos os cenários, aponta Paraná Pesquisas
  • Sem Bolsonaro, Flávio Bolsonaro lidera a preferência do eleitorado de direita em 2026
  • Quem é Silvinei Vasques: ex-diretor da PRF condenado por trama golpista e preso no Paraguai
  • Anuncie Conosco
  • Política de Correções
  • Política de Privacidade LGPD
  • Política Editorial
  • Termos de Uso
  • Sobre

© 2025 GAZETA MERCANTIL - PORTAL DE NOTÍCIAS - Todos os direitos reservados | contato@gazetamercantil.com

Sem resultados
Todos os resultados
  • Brasil
  • Business
  • Cultura & Lazer
  • Economia
    • Criptomoedas
    • Dólar
    • Fundos Imobiliários
    • Ibovespa
  • Esportes
  • Lifestyle
    • Veículos
    • Moda
    • Viagens
  • Mundo
  • News
  • Política
  • Saúde
  • Tecnologia
  • Trabalho
  • Anuncie Conosco

© 2025 GAZETA MERCANTIL - PORTAL DE NOTÍCIAS - Todos os direitos reservados | contato@gazetamercantil.com