Com o recente estresse na curva de juros futuros do Brasil, uma oportunidade rara surge para investidores interessados em renda fixa. O aumento expressivo nas taxas do Tesouro Direto trouxe novas máximas para 2024, tanto em títulos prefixados quanto nos indexados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Diante disso, investidores agora se deparam com uma escolha complexa entre as elevadas taxas oferecidas pelo Tesouro Prefixado, com rendimento de 13% ao ano, ou pelo Tesouro IPCA+, que oferece uma taxa de IPCA + 7%. Mas, qual é a melhor alternativa para aproveitar essa oportunidade em renda fixa?
O Crescimento do Tesouro IPCA+ e do Tesouro Prefixado
Nas últimas semanas, o Tesouro IPCA+ e o Tesouro Prefixado alcançaram seus maiores rendimentos do ano, com taxas extremamente atrativas. No dia 1º de novembro, por exemplo, o Tesouro IPCA+ com vencimento em 2029 ofereceu uma taxa de 6,99% ao ano além da variação da inflação, enquanto o Tesouro Prefixado 2027 chegou a 13,23% ao ano. Para muitos especialistas, ambos representam oportunidades de ouro em um mercado volátil, porém, há diferenças importantes entre as características e os riscos desses títulos.
Por Que as Taxas de Renda Fixa Estão Altas?
Os analistas explicam que o aumento das taxas de juros nos títulos do Tesouro Direto está diretamente ligado a um cenário de incertezas econômicas e de política fiscal. Segundo Oswaldo Meireles, planejador financeiro e sócio da Eu Me Banco, a necessidade de maior controle fiscal é um dos pontos que fazem os investidores cobrarem um retorno mais alto. As metas fiscais podem não ser atingidas se o governo focar apenas em aumentar a receita. O impacto disso é que empresas e investidores passam a exigir mais juros para investir em títulos do governo”, afirma Meireles. Esse contexto fiscal cria uma oportunidade única para quem quer aproveitar as altas taxas da renda fixa.
Tesouro IPCA+: Uma Oportunidade Inédita para Quem Busca Proteção Contra a Inflação
O Tesouro IPCA+ destaca-se como uma escolha estratégica para investidores que desejam proteção contra a inflação. A combinação da variação do IPCA com uma taxa fixa (atualmente em torno de 7% ao ano) representa uma rentabilidade atraente e rara. Dados da Quantum Finance revelam que, nos últimos 10 anos, taxas acima de 7% são pouco comuns para o Tesouro IPCA+ 2029, reforçando o caráter excepcional desse momento.
Charo Alves, da Valor Investimentos, ressalta que uma taxa acima de 6,7% é uma oportunidade única para investidores mais conservadores. “Esse patamar só foi observado em ocasiões históricas, como em 2016. O Tesouro IPCA+ é ideal para aqueles que preferem segurança e, ao mesmo tempo, rentabilidade acima da inflação”, explica.
Para aqueles que preferem um horizonte mais longo, o Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045 é visto como uma alternativa ainda mais vantajosa. Segundo Rafael Winalda, especialista em renda fixa do Inter, o Tesouro IPCA+ 2045 oferece um alto retorno com menor volatilidade na marcação a mercado, uma característica favorável para investidores que buscam estabilidade a longo prazo.
O Tesouro Prefixado e o Retorno Garantido de 13% ao Ano
O Tesouro Prefixado, com suas taxas em torno de 13% ao ano, chama a atenção de quem busca uma rentabilidade fixa em investimentos de renda fixa. O atrativo desse título é sua capacidade de oferecer um retorno previsível, que em alguns casos chega a 1% ao mês. Porém, esse rendimento vem acompanhado de um risco maior relacionado à marcação a mercado, especialmente em períodos de alta na taxa Selic.
Charo Alves alerta sobre esse aspecto: “Os 13% ao ano oferecidos pelo Tesouro Prefixado são tentadores, mas se a Selic continuar subindo, o título pode desvalorizar no mercado. Para garantir o retorno prometido, o investidor deve manter o título até o vencimento, o que nem sempre é viável.
Além disso, o risco maior se apresenta em cenários de piora econômica, nos quais a curva de juros pode aumentar ainda mais, tornando o título prefixado menos vantajoso. Ainda assim, para quem busca diversificação em renda fixa, o Tesouro Prefixado pode ser um complemento interessante, especialmente em vencimentos mais curtos, como os de até 2 anos, de acordo com a recomendação de especialistas do Inter.
IPCA+ ou Prefixado: Qual é o Melhor Investimento para Renda Fixa em 2024?
Decidir entre o Tesouro IPCA+ e o Tesouro Prefixado depende dos objetivos individuais e da tolerância ao risco de cada investidor. Para quem busca proteção contra a inflação e não quer correr o risco de desvalorização pela marcação a mercado, o Tesouro IPCA+ é uma excelente opção. A possibilidade de obter 7% de juros real ao ano além da inflação é uma alternativa atraente para aqueles que desejam preservar o poder de compra a longo prazo.
Já o Tesouro Prefixado é ideal para quem busca um retorno fixo e não tem previsão de vender o título antes do vencimento. A taxa de 13% ao ano é uma rara oportunidade, porém, é importante estar ciente do risco de valorização ou desvalorização do título ao longo do tempo, dependendo das variações da Selic e do mercado.
Dicas para Investidores de Renda Fixa no Atual Cenário Econômico
Para aproveitar o melhor desses dois modelos de títulos em investimento de renda fixa, especialistas recomendam estratégias de diversificação. Investir uma parte do capital em Tesouro IPCA+ com vencimento mais longo e outra parte em Tesouro Prefixado com vencimentos curtos pode ajudar a reduzir o impacto das variações de mercado.
Conforme explica Rafael Winalda, do Inter, a ideia é balancear o portfólio entre títulos de longo prazo, que oferecem proteção contra inflação, e de curto prazo, que permitem maior flexibilidade. Investir cautelosamente é essencial, já que o cenário econômico brasileiro pode continuar a apresentar volatilidade nos próximos anos.