Câmara aprova PEC que isenta IPVA de veículos com mais de 20 anos
A Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (2/12/2025), a Proposta de Emenda à Constituição que estabelece a isenção de IPVA para veículos com mais de 20 anos, alterando de forma permanente o modelo tributário aplicado aos automóveis antigos em todo o território nacional. Com amplo apoio parlamentar, a medida recebeu 412 votos favoráveis e apenas 4 contrários no primeiro turno, além de 397 votos a favor e 3 contra no segundo turno.
A aprovação consolida uma das mudanças mais significativas na tributação automotiva desde a Constituição de 1988 e uniformiza uma regra que, até hoje, variava de acordo com a legislação estadual. Agora, com a PEC aprovada na Câmara e no Senado, o texto segue para promulgação pelo Congresso Nacional.
A decisão impacta proprietários, governos estaduais e o mercado de carros usados, além de representar uma vitória política para parlamentares que articulavam há anos a harmonização das regras de cobrança. Com a aprovação, a end=”1585″>isenção de IPVA para veículos com mais de 20 anos passa a ter validade nacional, eliminando discrepâncias entre unidades da Federação e criando previsibilidade para milhões de brasileiros.
Unificação de regras e alcance da medida
Até hoje, a legislação sobre IPVA permitia que cada estado definisse critérios próprios para isenção conforme o ano de fabricação do veículo. As regras variavam amplamente: alguns estados isentavam veículos com mais de 15 anos de fabricação; outros, com mais de 20; outros exigiam 30 anos; e alguns sequer ofereciam isenção automática, condicionando benefícios a programas estaduais.
A partir da promulgação da PEC, passa a valer em todo o país a isenção de IPVA para veículos com mais de 20 anos, independentemente da legislação estadual. Isso significa que, mesmo em estados mais restritivos, a cobrança sobre carros antigos deixará de existir.
Especialistas avaliam que a padronização facilita o entendimento do contribuinte, reduz litigiosidade e encerra a discussão sobre disparidade entre estados, especialmente em regiões de fronteira, onde a tributação desigual estimulava o emplacamento em unidades federativas vizinhas.
Reações políticas e votação expressiva
A ampla margem de aprovação demonstra consenso entre partidos de diferentes espectros ideológicos. A medida foi celebrada por deputados que defendem redução da carga tributária e proteção aos proprietários de veículos mais antigos, que frequentemente pertencem às camadas de menor renda.
Nos bastidores, líderes partidários destacaram que o texto avançou rapidamente devido ao impacto social positivo e à pressão de organizações de motoristas, colecionadores e entidades ligadas ao transporte local. O fato de não gerar aumento de impostos também contribuiu para amenizar resistências.
apesar do consenso dominante, houve votos contrários isolados tanto no primeiro quanto no segundo turno, de parlamentares que argumentaram que a medida pode trazer impactos fiscais aos estados e estimular a circulação de carros mais antigos, considerados menos seguros e mais poluentes. Ainda assim, esses argumentos não foram suficientes para barrar a aprovação.
O peso econômico da medida para os estados
A mudança gerará perda de arrecadação, especialmente em estados onde a cobrança de IPVA sobre veículos antigos ainda representava parte relevante da receita. Nos estados que já utilizavam o critério de 20 anos ou menos, o impacto tende a ser mínimo.
Governadores já se mobilizam para avaliar possíveis compensações tributárias e realinhamentos orçamentários. Como o IPVA é fonte de receita vinculada aos cofres estaduais e municipais (com repartição de 50% da arrecadação), a perda pode afetar diretamente investimentos em mobilidade, infraestrutura e educação.
Contudo, técnicos do Congresso argumentam que o impacto será diluído ao longo dos anos, já que a frota com mais de 20 anos naturalmente tende à redução, seja por sucateamento, seja pelo aumento das restrições ambientais.
Efeitos para os proprietários e para o mercado de usados
Para os proprietários de veículos fabricados há mais de duas décadas, a isenção de IPVA para veículos com mais de 20 anos representa um alívio financeiro imediato. Em muitos estados, o valor do IPVA pode ultrapassar 2% do valor venal do automóvel, gerando dificuldade especialmente para famílias de baixa renda.
Com a isenção garantida constitucionalmente, motoristas que utilizam veículos antigos para deslocamento diário terão maior previsibilidade no orçamento, especialmente considerando o aumento de custos com manutenção, combustível e seguros.
No mercado de carros usados, especialistas projetam dois movimentos simultâneos:
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Aumento da procura por veículos próximos de completar 20 anos, com consumidores evitando modelos que ainda estejam sujeitos ao imposto;
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Valorização de veículos que cruzam o limite dos 20 anos, tornando certos modelos mais atrativos financeiramente.
Por outro lado, órgãos ambientais manifestam preocupação com eventual prolongamento da vida útil de veículos que emitem mais poluentes. Estados poderão, independentemente da isenção do IPVA, adotar programas de inspeção veicular mais rígidos para garantir padrões mínimos de segurança e emissões.
Mudanças na base de cálculo e regras para 2026
O texto analisado pela Câmara estabelece que o valor do IPVA para veículos usados servirá como base de cálculo para o exercício de 2026, último ano em que os estados ainda poderão aplicar cobrança sobre automóveis que não se enquadram na nova regra constitucional.
Para veículos fabricados há mais de 20 anos, não haverá cobrança a partir da promulgação. Para os demais, segue sendo aplicado o valor venal atualizado, de acordo com a tabela final enviada pelos estados.
Até que estados ajustem suas legislações complementares, a isenção será garantida diretamente pela Constituição Federal, dispensando regulamentação estadual.
Efeitos sociais e mobilidade urbana
A frota brasileira pertence majoritariamente a famílias com renda entre 2 e 5 salários mínimos. Em muitos casos, veículos com 18 a 22 anos de fabricação representam a única alternativa de deslocamento para trabalhadores que não têm acesso a transporte público eficiente.
A medida é vista como uma forma de reduzir o peso tributário sobre famílias vulneráveis, sobretudo em grandes centros urbanos onde o custo de vida é elevado e o transporte coletivo não é suficiente para atender à demanda.
Apesar dos benefícios ao contribuinte, urbanistas e especialistas em trânsito alertam que a presença prolongada de veículos antigos nas ruas pode ampliar riscos de acidentes, já que automóveis com mais de 20 anos tendem a apresentar menor grau de segurança estrutural e ausência de tecnologias modernas de proteção.
Como votaram partidos e deputados
A votação apresentou um dos maiores consensos do ano. Em ambas as etapas, partidos de direita, centro e esquerda votaram majoritariamente a favor da isenção de IPVA para veículos com mais de 20 anos.
No primeiro turno, apenas quatro parlamentares votaram contra. No segundo, o número caiu para três. A quase unanimidade confirma o apelo popular da medida e a avaliação de que o projeto não gera desgaste político.
Embora a votação nominal tenha sido divulgada na sessão, a Câmara deverá publicar a lista completa na ata oficial da Casa.
Análise política: por que a PEC avançou tão rapidamente
A tramitação célere reflete três fatores principais:
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Impacto social positivo: a medida beneficia diretamente milhões de proprietários, especialmente nas camadas de renda baixa.
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Baixo impacto fiscal imediato: muitos estados já praticam isenção semelhante, reduzindo resistências regionais.
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Cenário político favorável: com a aproximação das eleições municipais de 2026, parlamentares buscam medidas de apelo popular.
Além disso, a PEC não cria novo imposto nem aumenta carga tributária, o que reduz o risco de judicialização e facilita a adesão de governadores.
O que muda a partir de agora
Assim que promulgada, a nova regra passa a valer imediatamente. Governos estaduais precisarão adaptar suas legislações e ajustar seus sistemas de cobrança, mas não poderão impor restrições ao benefício.
No caso de veículos que completam 20 anos em 2026, a isenção valerá no próprio ano-base da cobrança. Já veículos que completam 20 anos em 2027 entram automaticamente na regra, sem depender de norma local.
Especialistas afirmam que a PEC inaugura uma nova etapa na tributação veicular e pode abrir espaço para futuras discussões, como:
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revisão alíquota do IPVA para carros novos;
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incentivos para veículos elétricos;
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programas de renovação de frota.
Apesar disso, a prioridade do governo e do Congresso neste momento é assegurar a implantação uniforme da nova regra.
Conclusão
A aprovação da PEC que cria a isenção de IPVA para veículos com mais de 20 anos representa uma mudança estrutural na política tributária brasileira. A decisão impõe uniformidade nacional, reduz a carga de milhões de contribuintes e reorganiza expectativas fiscais dos estados.
A medida traz alívio financeiro imediato para famílias que dependem de veículos antigos para trabalhar e se deslocar, ao mesmo tempo em que obriga governos estaduais a recalcular previsões de receita e adotar novas estratégias para equilibrar seus orçamentos.
Com a promulgação prevista ainda para este ano, o impacto será sentido já no exercício fiscal de 2026, alterando, de forma definitiva, a relação entre proprietários e a cobrança do imposto automotivo no país.






