Trump busca acordo de paz: emissários vão a Moscou discutir fim da guerra na Ucrânia
A diplomacia internacional vive um dos seus momentos mais decisivos desde o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, em 2022. Em uma iniciativa que reacende expectativas sobre uma possível negociação para encerrar a guerra, os Estados Unidos enviam nesta semana dois nomes estratégicos para Moscou: Jared Kushner, genro do presidente Donald Trump, e o enviado especial Steve Witkoff. A dupla participará, na terça-feira, de uma reunião com Vladimir Putin para tratar de propostas que podem alterar o curso do conflito mais mortal da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
A decisão de enviar representantes de alto nível reflete a crescente determinação da Casa Branca de mostrar ao mundo que Trump busca acordo de paz como prioridade geopolítica de sua administração. O presidente norte-americano repete, desde a posse, que pretende encerrar a guerra rapidamente, classificando o conflito como um “banho de sangue” e um impasse que desgasta aliados, pressiona economias e ameaça a estabilidade do continente europeu. Entretanto, seus esforços até agora, incluindo uma cúpula com Putin realizada no Alasca no ano passado, não conseguiram resultados concretos.
A nova investida diplomática surge em meio a uma série de tensões e reações internacionais a um conjunto de 28 propostas preliminares de paz elaboradas por negociadores norte-americanos. O documento, que vazou recentemente, provocou forte preocupação na Ucrânia e entre governos europeus, que afirmaram que os termos abririam espaço para concessões excessivas à Rússia. Diante da crescente pressão, a Casa Branca decidiu intensificar a ação diplomática, reposicionando seu protagonismo e reforçando que Trump busca acordo de paz baseado em um novo quadro negociado com aliados.
A Casa Branca tenta recompor controle político do processo
A missão de Kushner e Witkoff representa um movimento calculado para retomar a condução direta das tratativas. No cenário interno, a insistência de que Trump busca acordo de paz responde também às pressões políticas que se acumulam diante do custo prolongado do conflito. O envio contínuo de armas, a preocupação com o orçamento de defesa e a necessidade de evitar desgaste entre republicanos e democratas tornaram o fim da guerra uma prioridade bipartidária.
A proposta norte-americana, antes de ser revisada, incluía pontos que irritaram aliados europeus: restrições ao exército ucraniano, aceitação do controle russo sobre territórios já ocupados e limitações à ampliação da Otan. Como resposta, França, Alemanha, Polônia e Reino Unido articularam uma contraproposta, temendo que negociações conduzidas exclusivamente pelos EUA pudessem resultar em um acordo considerado desfavorável à segurança continental.
Esta mobilização levou à criação de um “quadro de paz atualizado”, conforme negociado em Genebra. O novo documento foi apresentado como mais equilibrado, preservando parte das preocupações ucranianas e evitando, ao menos publicamente, concessões antecipadas a Moscou. Para a Casa Branca, esse alinhamento era indispensável para viabilizar a viagem da comitiva.
Putin sinaliza abertura, mas reforça condições rígidas
O avanço diplomático ocorre enquanto o Kremlin afirma estar disposto a negociar — desde que suas condições sejam respeitadas. Putin mantém um discurso de abertura, mas repete que qualquer acordo deve reconhecer a nova realidade territorial criada desde fevereiro de 2022. Segundo números compilados por grupos independentes, a Rússia controla hoje cerca de 19% do território ucraniano, incluindo áreas cruciais no leste e no sul do país.
Para Moscou, a prioridade é assegurar que a Ucrânia jamais ingresse na Otan, limitar a capacidade militar de Kyiv e consolidar o controle sobre Donbas, Crimeia, Zaporizhzhia e Kherson. Essas exigências representam obstáculos substanciais, pois confrontam diretamente a posição oficial ucraniana, que exige a recuperação integral de todos os territórios ocupados.
Apesar das divergências, o fato de Putin aceitar a reunião indica que Moscou enxerga algum benefício estratégico na retomada do diálogo. Se o Kremlin perceber que Trump busca acordo de paz capaz de evitar um envolvimento militar ainda maior dos EUA, a negociação pode avançar em pontos específicos, ainda que de forma gradual.
A Europa entra em alerta diante das movimentações norte-americanas
A repercussão das propostas vazadas provocou reações rápidas nas principais capitais europeias. Governos temem que um acordo conduzido exclusivamente pela Casa Branca atenda mais aos interesses estratégicos e econômicos dos EUA do que às necessidades de segurança europeias. Entre esses interesses estão potenciais investimentos no setor energético russo e na exploração de terras raras, que poderiam ser retomados após eventual flexibilização de sanções.
Há também o temor de que um acordo precipitado facilite o retorno da Rússia ao G8, ampliando sua influência global e reduzindo o papel de países europeus na política internacional. Esse cenário preocupa especialmente nações que dependem de estabilidade na fronteira leste, como Polônia e Estados Bálticos.
Diante desse quadro, chanceleres europeus afirmam que é essencial monitorar atentamente a missão de Kushner e Witkoff. Para eles, o fato de Trump busca acordo de paz não é suficiente para garantir que a Europa será protegida. O continente quer participar ativamente das próximas etapas das negociações.
A Ucrânia mantém resistência, mas admite a necessidade de diálogo
Em Kyiv, o sentimento predominante é de cautela. Para o governo ucraniano, um acordo que reduza sua capacidade militar ou legitime a ocupação russa seria equivalente à capitulação. O presidente Volodymyr Zelenskiy reconhece a importância das negociações, mas insiste que qualquer solução deve garantir segurança e soberania ao país.
A Ucrânia recebeu com preocupação as propostas vazadas, mas afirma que o “quadro de paz atualizado” — resultado das discussões em Genebra — representa avanço. Ainda assim, mantém posição firme: não aceitará restrições que deixem o país vulnerável no futuro.
O encontro realizado nos Estados Unidos entre representantes ucranianos e a equipe norte-americana serviu para alinhar expectativas antes da missão em Moscou. Para Zelenskiy, é fundamental que os Estados Unidos reafirmem que Trump busca acordo de paz, mas não a qualquer custo.
A frente de batalha se transforma enquanto diplomacia avança
No campo militar, a Rússia continua avançando lentamente, porém de forma consistente. Relatórios recentes afirmam que as forças russas capturaram Pokrovsk e Vovchansk, cidades consideradas estratégicas na região leste da Ucrânia. O avanço representa o ritmo mais acelerado desde 2022, resultado da reorganização do exército russo e do aumento da produção de armamentos.
A Ucrânia, por outro lado, sofre com desgaste de tropas, dificuldades de mobilização e escassez de munição, especialmente em áreas onde o volume de ataques aumentou. Estimativas norte-americanas indicam que mais de 1,2 milhão de soldados teriam sido mortos ou feridos neste período, número que evidencia a dimensão da tragédia humana.
Nesse contexto, a diplomacia ganha ainda mais relevância. O prolongamento da guerra cria riscos adicionais para o Leste Europeu e aumenta o custo político de manter o conflito indefinidamente. A entrada de emissários norte-americanos reforça que Trump busca acordo de paz antes que o equilíbrio militar mude de forma irreversível.
Cenários possíveis após a reunião em Moscou
Especialistas avaliam quatro possíveis caminhos após o encontro:
1. Consolidação de um princípio de acordo
Se houver algum ponto de convergência, uma nova rodada poderá ser agendada rapidamente, talvez ainda neste mês.
2. Estancamento diplomático
Se Rússia e EUA não encontrarem base comum, a reunião servirá apenas para medir intenções e testar limites.
3. Aumento da pressão militar
Caso a Ucrânia rejeite eventuais concessões, Moscou pode intensificar ataques para pressionar Kyiv politicamente.
4. Entrada formal da Europa nas negociações
Diante da movimentação dos EUA, países europeus podem exigir participação direta para evitar acordos paralelos.
Independentemente do desfecho inicial, a ida da comitiva norte-americana reforça o protagonismo da Casa Branca. A iniciativa demonstra que Trump busca acordo de paz com disposição para conduzir pessoalmente uma das negociações mais complexas da atualidade.
Impactos globais de um possível acordo
Qualquer avanço nas negociações terá consequências imediatas para a economia mundial. O conflito alterou preços de energia, fertilizantes e commodities agrícolas, ampliando custos para a indústria global. Um acordo, mesmo parcial, poderia amenizar volatilidade em setores sensíveis.
Países europeus, fortemente afetados pela dependência do gás russo, também veem no diálogo uma oportunidade de estabilizar o mercado energético. Ao mesmo tempo, empresas dos EUA, da Ásia e do Oriente Médio acompanham atentamente as discussões, prevendo oportunidades em programas de reconstrução e infraestrutura.
A Rússia, sob pressão das sanções, busca recompor acesso a mercados internacionais. Para Moscou, um acordo pode abrir caminho para retomada econômica, o que explica seu interesse em manter canais diplomáticos abertos.
Esses fatores reforçam por que a comunidade internacional acompanha de perto cada movimento dos emissários norte-americanos e de Putin. A percepção global é clara: Trump busca acordo de paz que pode redefinir não apenas o futuro da guerra, mas também o equilíbrio de poder internacional.
A reunião em Moscou representa o mais ousado passo diplomático desde o início do conflito. A presença de Jared Kushner e Steve Witkoff indica que os Estados Unidos querem assumir a liderança do processo e que Trump busca acordo de paz que seja visto como marco de sua política externa. Resta saber se Rússia, Ucrânia e Europa estarão dispostas a convergir para um entendimento comum. O desfecho das negociações poderá moldar os rumos geopolíticos da próxima década.






