Bolsonaro internado para cirurgia de hérnia em Brasília após deixar custódia da PF
O ex-presidente Jair Bolsonaro deixou, nesta quarta-feira, a sede da Polícia Federal em Brasília para ser internado no hospital DF Star, onde passará por um procedimento cirúrgico programado para tratar uma hérnia inguinal bilateral. A transferência foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e ocorre em meio ao cumprimento de pena em regime fechado, determinado após condenação a mais de 27 anos de prisão por crimes contra o Estado Democrático de Direito.
O episódio coloca novamente Bolsonaro no centro do noticiário político e institucional do país, combinando questões de saúde, segurança pública e decisões judiciais. A confirmação de que Bolsonaro internado para cirurgia de hérnia permanecerá sob vigilância rigorosa reforça o caráter excepcional do caso, que envolve um ex-chefe de Estado em situação de custódia penal.
A internação ocorre na manhã do dia 24, com a cirurgia eletiva marcada para o dia 25, data do Natal. Aos 70 anos, Bolsonaro será submetido a uma herniorrafia inguinal bilateral, procedimento considerado de baixo risco, mas que exige acompanhamento médico por alguns dias após a intervenção.
Transferência autorizada e medidas de segurança reforçadas
Na decisão que autorizou a internação, Alexandre de Moraes determinou uma série de medidas de segurança, com o objetivo de preservar a integridade do custodiado e garantir o cumprimento da pena. Segundo o despacho, a transferência do ex-presidente da PF para o hospital deveria ocorrer de forma discreta, com desembarque realizado pelas garagens da unidade hospitalar, evitando exposição pública.
O ministro também estabeleceu que Bolsonaro internado para cirurgia de hérnia ficará em uma área isolada do hospital, separada dos demais pacientes. A Polícia Federal deverá manter vigilância permanente durante toda a estadia, com no mínimo dois agentes posicionados na porta do quarto, além de equipes adicionais dentro e fora do hospital.
Outro ponto determinado foi a proibição da entrada de computadores e telefones celulares no quarto onde Bolsonaro ficará internado, sendo permitidos apenas equipamentos médicos indispensáveis ao acompanhamento clínico. A medida reforça o controle sobre comunicações externas durante o período de internação.
Procedimentos pré-operatórios e avaliação clínica
Antes da cirurgia, Bolsonaro passará por exames pré-operatórios para avaliação do risco cirúrgico, incluindo exames de sangue e monitoramento cardíaco. Esses procedimentos são padrão para pacientes da faixa etária do ex-presidente e visam garantir maior segurança durante a intervenção.
A condição que levou à internação é a hérnia inguinal bilateral, caracterizada pela saída de tecidos do interior do abdômen por um ponto enfraquecido da parede muscular na região da virilha, em ambos os lados. Embora o problema possa ser assintomático em alguns casos, costuma provocar dor, desconforto e inchaço, especialmente ao realizar esforços físicos.
De acordo com laudo pericial elaborado pelo Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, não há indicação de urgência ou emergência no caso, classificando o procedimento como eletivo. Ainda assim, a cirurgia foi considerada necessária para melhorar a qualidade de vida do paciente.
Cirurgia de hérnia e expectativas de recuperação
A herniorrafia inguinal bilateral é considerada um procedimento seguro e amplamente realizado no Brasil. Em geral, a cirurgia dura cerca de três horas e pode ser feita com técnicas modernas que reduzem o tempo de recuperação e o risco de complicações.
No pedido apresentado pela defesa, foi informado que Bolsonaro internado para cirurgia de hérnia deverá permanecer hospitalizado por um período estimado entre cinco e sete dias, para acompanhamento médico pós-operatório. Durante esse tempo, ele seguirá sob custódia da Polícia Federal, conforme determinação judicial.
Apesar de os peritos também terem analisado o quadro de soluços persistentes relatado pelo ex-presidente e considerado tecnicamente adequado o bloqueio do nervo frênico, a expectativa dos médicos é de que apenas a herniorrafia seja realizada neste momento. O outro procedimento poderá ser avaliado em ocasião futura.
Acompanhamento familiar e restrições de visitas
Bolsonaro está acompanhado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, autorizada a permanecer como acompanhante durante a internação. Os filhos Flávio e Carlos Bolsonaro também solicitaram autorização para acompanhar o pai, mas o pedido foi negado por Alexandre de Moraes.
Caso desejem realizar visitas, os filhos deverão solicitar autorização prévia à Justiça, seguindo as regras estabelecidas para o período de internação. A decisão reforça que, mesmo em tratamento médico, Bolsonaro internado para cirurgia de hérnia permanece sob as condições impostas pelo regime de cumprimento de pena.
Contexto da prisão e decisão judicial
O ex-presidente está detido na Superintendência da Polícia Federal desde 22 de novembro, após violar a tornozeleira eletrônica que utilizava. Bolsonaro confessou ter tentado abrir o equipamento com um ferro de solda, o que levou à revogação de medidas alternativas e ao início do cumprimento da pena em regime fechado.
Três dias após o episódio, Alexandre de Moraes determinou que Bolsonaro começasse a cumprir a pena no mesmo local, negando posteriormente o pedido de prisão domiciliar apresentado pela defesa. Na decisão, o ministro afirmou que o ex-presidente não tem direito ao benefício, destacando a gravidade dos crimes pelos quais foi condenado.
Mesmo com a autorização para a cirurgia, a decisão judicial deixa claro que a internação não altera a condição de custodiado, nem representa flexibilização do regime imposto.
Histórico médico de Jair Bolsonaro
A trajetória de saúde de Jair Bolsonaro é marcada por diversas intercorrências desde 2018, quando sofreu uma facada durante ato de campanha em Juiz de Fora, em Minas Gerais. O episódio desencadeou uma série de cirurgias e internações ao longo dos anos seguintes.
Desde então, Bolsonaro enfrentou problemas de obstrução intestinal, crises recorrentes de soluços e vômitos, episódios de erisipela, alterações de pressão arterial, problemas de pele e internações por mal-estar e alterações na função renal.
Em 2019, passou por cirurgias para retirada da bolsa de colostomia e correção de hérnia em cicatriz cirúrgica. Em 2021 e 2022, voltou a ser internado por obstruções intestinais, algumas relacionadas a alimentação inadequada. Em 2023, foi submetido a cirurgias para correção de hérnia de hiato e desvio de septo.
Mais recentemente, Bolsonaro passou por uma cirurgia de cerca de 12 horas para liberação de aderências intestinais e reconstrução da parede abdominal, consequência direta das múltiplas intervenções realizadas desde 2018. Em 2025, exames apontaram pneumonia viral, além de procedimentos para retirada de lesões de pele.
Esse histórico reforça a complexidade clínica do ex-presidente e ajuda a contextualizar a decisão médica pela realização da herniorrafia neste momento.
Repercussão política e institucional
A confirmação de Bolsonaro internado para cirurgia de hérnia gerou ampla repercussão no meio político e jurídico. Aliados destacam a necessidade de garantir atendimento médico adequado, enquanto críticos reforçam que a medida não altera a situação penal do ex-presidente.
Do ponto de vista institucional, o caso é acompanhado com atenção por envolver decisões do STF, atuação da Polícia Federal e um ex-presidente condenado, em um contexto de forte polarização política. A condução do episódio busca equilibrar direitos fundamentais à saúde com o rigor no cumprimento das decisões judiciais.






