domingo, 28 de dezembro de 2025
contato@gazetamercantil.com
GAZETA MERCANTIL
Sem resultados
Todos os resultados
GAZETA MERCANTIL
Sem resultados
Todos os resultados
GAZETA MERCANTIL
Sem resultados
Todos os resultados
Home Política

STF decide alcance da Defensoria Pública em ações penais

por Redação
17/11/2025
em Política, Destaque, News
Stf Decide Alcance Da Defensoria Pública Em Ações Penais - Gazeta Mercantil

STF e o poder constitucional da Defensoria Pública: o que está em jogo no julgamento que pode redefinir a atuação em processos criminais

A discussão que chegará ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o papel institucional da Defensoria Pública em processos criminais individuais tem potencial para redesenhar os contornos da Justiça brasileira. O julgamento, que analisará até onde vai o poder da instituição ao atuar como custos vulnerabilis — guardiã dos vulneráveis — abre uma nova etapa de debate sobre equilíbrio institucional, proteção de direitos fundamentais e a própria essência do sistema acusatório.

Ainda sem data marcada, a análise do Recurso Extraordinário (RE) 1498445, com repercussão geral reconhecida, tornará obrigatória a adoção do entendimento firmado pelo STF em casos semelhantes em todo o país. Isso significa que o resultado ultrapassa o caso concreto do Amazonas, tornando-se parte do desenho jurídico nacional.

A controvérsia nasceu quando o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) recorreu contra a decisão do Tribunal de Justiça local (TJAM), que permitiu à Defensoria Pública intervir em uma ação penal mesmo já havendo defesa constituída. O MPAM sustenta que isso configuraria usurpação de suas competências constitucionais, já que caberia ao Ministério Público atuar como defensor da ordem jurídica.

O debate escancara uma tensão que se aprofunda há anos: a amplitude da missão da Defensoria e o alcance de sua legitimidade para representar vulneráveis além de seus assistidos diretos. Ao levar a controvérsia ao STF, a disputa deixa de ser local e passa a envolver princípios constitucionais estruturantes, como o direito de acesso à Justiça, a ampla defesa, o devido processo legal e a função essencial das instituições no sistema de Justiça brasileiro.

A relevância constitucional da disputa

O cerne do julgamento é determinar se a Defensoria Pública pode atuar como custos vulnerabilis mesmo quando o réu já possui defesa técnica — seja própria, seja prestada pela própria instituição. A figura, reconhecida por diversas defensorias estaduais, mas ainda carente de uniformização nacional, permite à entidade ingressar em processos penais para defender direitos coletivos ou difusos de grupos vulneráveis, mesmo quando não atua diretamente como advogada da parte.

A decisão do STF definirá se essa intervenção é compatível com a Constituição e se se harmoniza com o papel do Ministério Público como fiscal da lei.

O relator, ministro Luiz Fux, considerou o tema de extrema relevância jurídica e social, ressaltando que se trata de questão que afeta o funcionamento das instituições essenciais à Justiça e pode gerar impacto imediato em milhares de processos criminais ativos no país. Ele aponta que o Supremo deverá clarificar se a atuação da DP está dentro dos limites já traçados em precedentes como a ADPF 709, que tratou de proteção a povos indígenas.

Ao retirar do campo das controvérsias estaduais e levar ao julgamento da mais alta Corte, a decisão tende a uniformizar interpretações e reduzir conflitos entre MP e DP — instituições que, embora atuem em lados distintos do processo, possuem atribuições complementares para o equilíbrio do sistema.

Defensoria Pública: missão ampliada e desafios constitucionais

Desde sua criação constitucional, a Defensoria Pública passou por expansão significativa de atribuições. Atualmente, a instituição atua na defesa judicial e extrajudicial de grupos vulneráveis, como mulheres vítimas de violência doméstica, pessoas em situação de rua, indígenas, população carcerária e comunidades submetidas a violações de direitos sistemáticas.

Nas últimas décadas, a atuação como custos vulnerabilis passou a ser compreendida como extensão natural da missão de assegurar acesso à Justiça. Nessa lógica, a DP não se limita a representar indivíduos, mas também a zelar pela proteção de populações sujeitas a desigualdades estruturais que dificultam a efetivação dos direitos.

Para defensores e estudiosos do tema, essa atuação é fundamental para preencher lacunas institucionais em casos nos quais a vulnerabilidade social tem peso decisivo no desfecho do processo. Sem esse olhar técnico e especializado, argumentam, o sistema corre risco de reproduzir desigualdades históricas.

No entanto, para setores do Ministério Público, a ampliação desse papel pode gerar conflitos de competência. Segundo essa corrente, permitir que a DP se manifeste em processos sem representar a parte diretamente abriria brecha para sobreposição institucional e dúbio papel processual — algo que exigiria balizas mais claras.

O conflito entre atribuições: MP x DP

A disputa no caso concreto do Amazonas é a expressão de um embate mais amplo entre dois órgãos que compõem funções essenciais à Justiça. De um lado, o Ministério Público, responsável pela defesa da ordem jurídica e pelo controle externo da atividade policial. De outro, a Defensoria Pública, que exerce a defesa dos necessitados e atua na promoção de direitos humanos.

O MPAM alega, no recurso levado ao STF, que a intervenção da Defensoria como custos vulnerabilis violaria o equilíbrio do sistema acusatório, uma vez que apenas o Ministério Público teria legitimidade institucional para atuar como fiscal da lei em ações penais.

Já defensores sustentam que a função do custos vulnerabilis é complementar, e não concorrente, sendo voltada à proteção de direitos fundamentais de grupos sociais fragilizados — perspectiva distinta da atuação tradicional do Ministério Público.

Essa divergência exige do STF um exame cuidadoso para definir se a forma de intervenção da DP viola, ou não, o desenho constitucional de distribuição de funções.

Impacto para grupos vulneráveis

A decisão do Supremo terá impacto direto na proteção de pessoas privadas de direitos e historicamente invisibilizadas no sistema de Justiça. A atuação da Defensoria Pública como guardiã dos vulneráveis se mostra especialmente relevante em processos que envolvem:

  • réus sem condições socioeconômicas de compreender o trâmite processual;

  • comunidades expostas a violência policial;

  • pessoas indígenas, quilombolas ou em situação de rua;

  • populações encarceradas sujeitas a abusos estruturais;

  • vítimas de discriminação ou violações coletivas de direitos.

A possibilidade de intervenção da DP em ações individuais permite preencher lacunas que muitas vezes não são contempladas pelas defesas tradicionais. Além disso, a atuação como custos vulnerabilis pode revelar contextos sociais invisibilizados que influenciam diretamente o resultado do processo penal.

A uniformização dessa prerrogativa, se reconhecida pelo STF, tende a fortalecer a dimensão humanitária do sistema de Justiça, trazendo maior equilíbrio ao processo e ampliando o controle sobre possíveis violações de direitos.

O que está em jogo no julgamento do STF

O julgamento do RE 1498445 não se limita a decidir se a Defensoria Pública pode ou não intervir como custos vulnerabilis. O que está em disputa é algo mais profundo: a definição do alcance constitucional da proteção a grupos vulneráveis e o equilíbrio institucional necessário para garantir Justiça efetiva.

Entre os pontos centrais que o STF deverá definir estão:

1. Alcance da prerrogativa da DP:
Se a instituição pode atuar mesmo sem ser responsável pela defesa técnica da parte.

2. Compatibilidade com o sistema acusatório:
Se a intervenção viola atribuições do Ministério Público.

3. Limites e parâmetros:
Em quais situações a atuação como custos vulnerabilis é legítima e quais balizas devem ser adotadas.

4. Impacto em casos futuros:
Como a decisão será aplicada obrigatoriamente em todo o país devido à repercussão geral.

5. Articulação com precedentes constitucionais:
Se a atuação está em consonância com decisões anteriores, como a ADPF 709 e outros casos que envolvem grupos vulneráveis.

A definição do STF terá reflexos profundos tanto no campo jurídico quanto no funcionamento prático da Justiça criminal.

O papel da vulnerabilidade no processo penal

No Brasil, a vulnerabilidade tem peso crescente nas decisões judiciais. O STF já reconheceu, em outros casos, que situações de desigualdade social exigem tratamento jurídico diferenciado para assegurar a isonomia material prevista na Constituição.

Em processos criminais, fatores como raça, classe social, histórico de violência institucional, acesso limitado a direitos básicos e incapacidade de compreender o processo podem colocar réus em situação de desvantagem.

A atuação da Defensoria Pública como custos vulnerabilis busca justamente reduzir essas disparidades, oferecendo ao Judiciário elementos que vão além da técnica jurídica tradicional.

Em um país onde mais de 60% da população carcerária é formada por pessoas negras e de baixa renda, a ampliação do olhar sobre vulnerabilidade constitui passo decisivo para a construção de um sistema mais justo.

Possíveis cenários para a decisão do STF

Ao analisar o tema, o STF poderá adotar diferentes interpretações:

Cenário 1 – Reconhecimento amplo da prerrogativa:
A DP poderia atuar como custos vulnerabilis em qualquer processo penal que envolva vulnerabilidade social, mesmo havendo defesa constituída.

Cenário 2 – Reconhecimento limitado:
A atuação seria autorizada, mas apenas em casos específicos envolvendo coletividades vulneráveis ou situações de risco acentuado.

Cenário 3 – Negação da prerrogativa:
O STF pode entender que esse papel viola competências do MP, impedindo a intervenção da Defensoria.

Cada cenário tem implicações diretas na atuação da instituição, na relação com o MP e nos direitos dos assistidos.

Por que o tema tem repercussão geral

A repercussão geral significa que o STF reconheceu que a decisão ultrapassa o caso concreto e possui relevância social, jurídica e institucional para todo o país. Assim, o entendimento firmado será obrigatório para juízes, tribunais estaduais, federais e tribunais superiores.

O julgamento, portanto, pode se tornar marco constitucional para definir o papel da Defensoria Pública no sistema de Justiça criminal brasileiro, reduzindo disputas regionais e uniformizando procedimentos.

Uma decisão que moldará o futuro da Justiça brasileira

O julgamento do STF representa passo decisivo para definir como o sistema de Justiça deve lidar com desigualdades estruturais. A atuação da Defensoria Pública como agente protetora dos vulneráveis pode ser reforçada ou restringida, dependendo de como os ministros interpretarão a Constituição.

O resultado final terá impacto direto sobre populações vulneráveis, o equilíbrio entre MP e DP, a efetividade do processo penal e o modo como o Judiciário enxerga o conceito de vulnerabilidade no século XXI.

Mais do que decidir sobre prerrogativas institucionais, o Supremo determinará qual modelo de Justiça o Brasil pretende seguir: um modelo formal, restrito a papéis tradicionais, ou um modelo ampliado, capaz de reconhecer e corrigir desigualdades materiais profundas.

A sociedade aguarda a definição, consciente de que a decisão ultrapassa os autos e afetará, de forma concreta, milhares de vidas invisíveis ao sistema penal.

Tags: custos vulnerabilisdefensoria públicaDPMinistério PúblicoMPprerrogativas constitucionaisprocessos criminaisSTFvulnerabilidade jurídica

LEIA MAIS

Pesquisa Surpreende E Mostra Que Petistas Podem Ser De Direita E Bolsonaristas, De Esquerda - Gazeta Mercantil Fundada Em 1920
Política

Pesquisa surpreende e mostra que petistas podem ser de direita e bolsonaristas, de esquerda

Datafolha revela petistas de direita e bolsonaristas de esquerda e expõe contradições ideológicas no eleitorado brasileiro A mais recente pesquisa do Datafolha trouxe à tona um retrato revelador...

MaisDetails
Ceo Da Abbc Defende Independência Técnica Do Banco Central Após Liquidação De Banco - Gazeta Mercantil
Economia

CEO da ABBC defende independência técnica do Banco Central após liquidação de banco

CEO da ABBC defende independência técnica do Banco Central e alerta para riscos à estabilidade financeira A defesa da independência técnica do Banco Central voltou ao centro do...

MaisDetails
Stf Mantém Prisão Domiciliar Da Trama Golpista Após Novas Tentativas De Fuga - Gazeta Mercantil
Política

STF mantém prisão domiciliar da trama golpista após novas tentativas de fuga

STF mantém prisão domiciliar de réus da trama golpista e endurece resposta após tentativas de fuga A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter a prisão domiciliar...

MaisDetails
Lula Lidera No 1º Turno Em 2026 Em Todos Os Cenários, Aponta Paraná Pesquisas - Gazeta Mercantil
Política

Lula lidera no 1º turno em 2026 em todos os cenários, aponta Paraná Pesquisas

Lula lidera no 1º turno em todos os cenários e consolida favoritismo para 2026, aponta Paraná Pesquisas O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparece na liderança das...

MaisDetails
Sem Bolsonaro, Flávio Bolsonaro Lidera A Preferência Do Eleitorado De Direita Em 2026 - Gazeta Mercantil
Política

Sem Bolsonaro, Flávio Bolsonaro lidera a preferência do eleitorado de direita em 2026

Sem Bolsonaro, Flávio lidera preferência do eleitorado de direita em 2026 A ausência de Jair Bolsonaro do cenário eleitoral de 2026, motivada por sua inelegibilidade e pela prisão...

MaisDetails
PUBLICIDADE

GAZETA MERCANTIL

Pesquisa Surpreende E Mostra Que Petistas Podem Ser De Direita E Bolsonaristas, De Esquerda - Gazeta Mercantil Fundada Em 1920
Política

Pesquisa surpreende e mostra que petistas podem ser de direita e bolsonaristas, de esquerda

Ceo Da Abbc Defende Independência Técnica Do Banco Central Após Liquidação De Banco - Gazeta Mercantil
Economia

CEO da ABBC defende independência técnica do Banco Central após liquidação de banco

Stf Mantém Prisão Domiciliar Da Trama Golpista Após Novas Tentativas De Fuga - Gazeta Mercantil
Política

STF mantém prisão domiciliar da trama golpista após novas tentativas de fuga

Lula Lidera No 1º Turno Em 2026 Em Todos Os Cenários, Aponta Paraná Pesquisas - Gazeta Mercantil
Política

Lula lidera no 1º turno em 2026 em todos os cenários, aponta Paraná Pesquisas

Sem Bolsonaro, Flávio Bolsonaro Lidera A Preferência Do Eleitorado De Direita Em 2026 - Gazeta Mercantil
Política

Sem Bolsonaro, Flávio Bolsonaro lidera a preferência do eleitorado de direita em 2026

Quem É Silvinei Vasques: Ex-Diretor Da Prf Condenado Por Trama Golpista E Preso No Paraguai - Gazeta Mercantil
Política

Quem é Silvinei Vasques: ex-diretor da PRF condenado por trama golpista e preso no Paraguai

EDITORIAS

  • Brasil
  • Business
  • Cultura & Lazer
  • Economia
    • Criptomoedas
    • Dólar
    • Fundos Imobiliários
    • Ibovespa
  • Esportes
  • Lifestyle
    • Veículos
    • Moda
    • Viagens
  • Mundo
  • News
  • Política
  • Saúde
  • Tecnologia
  • Trabalho
  • Anuncie Conosco
Gazeta Mercantil Logo White

contato@gazetamercantil.com

EDITORIAS

  • Brasil
  • Business
  • Cultura & Lazer
  • Economia
    • Criptomoedas
    • Dólar
    • Fundos Imobiliários
    • Ibovespa
  • Esportes
  • Lifestyle
    • Veículos
    • Moda
    • Viagens
  • Mundo
  • News
  • Política
  • Saúde
  • Tecnologia
  • Trabalho
  • Anuncie Conosco

Veja Também:

  • Pesquisa surpreende e mostra que petistas podem ser de direita e bolsonaristas, de esquerda
  • CEO da ABBC defende independência técnica do Banco Central após liquidação de banco
  • STF mantém prisão domiciliar da trama golpista após novas tentativas de fuga
  • Lula lidera no 1º turno em 2026 em todos os cenários, aponta Paraná Pesquisas
  • Sem Bolsonaro, Flávio Bolsonaro lidera a preferência do eleitorado de direita em 2026
  • Quem é Silvinei Vasques: ex-diretor da PRF condenado por trama golpista e preso no Paraguai
  • Anuncie Conosco
  • Política de Correções
  • Política de Privacidade LGPD
  • Política Editorial
  • Termos de Uso
  • Sobre

© 2025 GAZETA MERCANTIL - PORTAL DE NOTÍCIAS - Todos os direitos reservados | contato@gazetamercantil.com

Sem resultados
Todos os resultados
  • Brasil
  • Business
  • Cultura & Lazer
  • Economia
    • Criptomoedas
    • Dólar
    • Fundos Imobiliários
    • Ibovespa
  • Esportes
  • Lifestyle
    • Veículos
    • Moda
    • Viagens
  • Mundo
  • News
  • Política
  • Saúde
  • Tecnologia
  • Trabalho
  • Anuncie Conosco

© 2025 GAZETA MERCANTIL - PORTAL DE NOTÍCIAS - Todos os direitos reservados | contato@gazetamercantil.com